O aborto tem sido um tema espinhoso pela dificuldade em ser aceito, e polêmico por implicar pros e contras. Nos debates, confrontam-se religião, ética e ciência.
Atualmente, o assunto volta à tona por motivo específico. Trata-se da legalização, pelo STF, do aborto de anencéfalos, os fetos sem cérebro.
Os que são a favor da legalização, argumentam ser constrangedor permitir à mulher carregar por nove meses um filho que não viverá mais que algumas horas após o nascimento. Ao saber da anomalia do feto, a mãe terá um tempo de gravidez sofrido e desesperançoso no aguardo da morte e não da vida. Também, nada há mais importante que a liberdade. Nestes tempos de ascensão da mulher, nada mais libertador que a possibilidade de eleger.
Os que se posicionam contra, geralmente religiosos cristãos, argumentam ser a vida um dom de Deus, do nascimento à morte. Consideram assassinato, mesmo ao feto de poucos dias de concepção, pois, não importando o tempo, ele é uma perspectiva de vida e guarda todas as características de um ser completo. É antiético matar, mesmo o feto anencéfalo que, embora tenha anomalia, é um ser vivo enquanto no útero materno.
Os moderados, finalmente, deixam à mulher a última palavra. Se ela não quiser abortar, não será obrigada a fazê-lo. Só por existir a lei que legaliza o procedimento nessas condições, não significa que todas as mulheres que fecundam anencéfalos devam abortá-los.
O assunto parece resolvido, mas, na prática, há um longo caminho a vencer. Primeiro, o diagnóstico tem de ser 100% correto. Depois, será preciso garantir atendimento médico-hospitalar e disponibilizar acompanhamento psicológico à gestante. É bom lembrar das inúmeras pesquisas a mostrar um número grande de mulheres que, ao recorrer ao aborto, mesmo de anencéfalos, ficaram com marcas profundas para a vida inteira. Vale também lembrar que o procedimento, mesmo com a aprovação da lei, é uma agressão ao feto e à mulher.
O atendimento pelo SUS terá de ser eficiente, do contrário a gestante pobre – causa dos argumentos a favor do aborto – não será facilmente beneficiada.
Em face dos valores morais e religiosos, a família – lugar onde todos nós recebemos ensinamentos e exemplo, deverá ficar atenta, mais ainda, à formação dos filhos. Só tendo bons princípios, vivência da ética e segurança, é que a mulher poderá decidir sobre assunto tão relevante, sem sofrimentos e trauma.
Imaginando as violências de nosso tempo e a crescente corrupção, não faltarão médicos charlatães que farão qualquer tipo de aborto como sendo de anencéfalos para beneficiar mulheres desonestas. Aborto como forma de contracepção que já existe aos montes...