domingo, 20 de outubro de 2013

Palestra no Curso Cleber Godinho

            O XV Congresso de Lentes de Contato do Curso Cleber Godinho ocorreu do dia 11 a 16 de outubro, no hotel Mercure em Belo Horizonte, com a participação de 300 médicos do país e do exterior.
            Marilene Godinho foi palestrante, desenvolvendo o tema “A Arte de Conviver” e leu, de sua autoria, a oração do oftalmologista, que foi distribuída a todos.











Marilene Godinho profere palestras

   
            Marilene Godinho participou do X Encontro das Supervisoras Educacionais de Minas Gerais.
            No primeiro momento ela falou ao público sobre “A Arte de Conviver” e no segundo momento desenvolveu o tema “Escrever faz bem”.
            Foi convidada a participar do próximo encontro internacional em 2014.











quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Ele merece

Sempre achei certo homenagear pessoas em vida, por acreditar em que o gesto constitui incentivo, reconhecimento e exemplo enquanto o homenageado pode usufruir do carinho dos amigos ou de sua cidade.
Muitas pessoas merecem homenagens, pois na história de cada um há lutas e abnegações dignas de nota. No entanto, lembramo-nos mais dos que realizam obras notórias para que seus feitos suscitem lições e sirvam de espelho à comunidade, concorrendo também para o enriquecimento do acervo cultural da terra.
Nem sempre conseguimos celebrar vidas e obras de pessoas merecedoras enquanto estão entre nós. A morte precoce, por exemplo, impede-nos de lhes render louvores. É o caso do querido e saudoso Tião de Lima. Nunca poderíamos pensar que aquele rapaz tão jovem, entusiasmado e feliz pudesse nos deixar tão cedo.  Mas ele merece uma homenagem póstuma.
Por muitos anos promoveu realizações que marcaram época e fizeram nossa gente mais alegre e participante de reuniões sociais. As noites douradas, sob sua batuta, eram deslumbrantes e ficaram inesquecíveis. Depois dele, nunca mais vimos festas tão brilhantes. Seu lugar continua vazio. E sua ausência grita dentro de nós por um agradecimento e um afeto especial.
Ele soube nos emocionar com o dom de elaborar instantes de encantamento. Promoveu bailes memoráveis e realçava pessoas. Mulheres de Ouro, Homens de Ouro, Jovens de Ouro, Destaques do Ano e tantos outros títulos que motivavam seus eventos.  Colhia êxito pelas comemorações bem cuidadas. Ornamentação, música, personalidades, gente bonita, glamour, serviço de bar, orquestras e alegria, muita alegria.
Tudo transpirava bom gosto, em tudo havia aquele ar elegante, aquele jeito único de reunir pessoas sob os holofotes da magia.
Ele elevou nossa gente com seu trabalho, e não media esforços para elevar também os filhos ilustres que moravam noutras terras. Saía daqui para qualquer lugar, não importando a distância, para participar de celebrações nas quais Caratinga estava envolvida.
Carismático, sua presença era motivo de prestígio em qualquer ocasião. Seja num simples almoço na casa da gente ou nas grandes badalações. Dotado de tantas qualidades que o colocávamos no patamar mais alto de nossa admiração. 
Possuía trânsito livre nos mais diversos ambientes e convivia com todo mundo, conquistando pessoas de todas as idades. Sabia dialogar e se fazer amar por jovens, adultos, idosos. E, para cada um, tinha palavras boas acompanhadas daquele sorriso largo, de bem com a vida.
Sua página no Jornal de Caratinga era uma das mais lidas. Todos queriam ler e se encontrar lá. E lá estávamos em acontecimentos mil retratados pela pena generosa daquele escriba do bem.
Embaixador da cultura e dos esfuziantes momentos dourados.
Passaram-se muitos anos de sua partida e ainda estão vivas a lembrança de suas realizações e a saudade que sempre vem tomar conta do coração toda vez que mencionamos seu nome.
Estamos devendo uma homenagem ao Tião.  Não uma festa passageira, mas um marco que possa perpetuar sua memória.
Convoco o amigo Humberto Luiz Salustiano Costa – admirador do Tião e idealizador de grandes homenagens.  
Lucrécia Gonçalves e Bia Mussi estão pensando no Troféu Tião de Lima. Espero que a ideia não morra. Enquanto isso, vamos pensando em algo bem consistente que lembre a alegria que o Tião colocou na vida de todos nós.




quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Letra de médico é fogo!


          Nós, professores, damos atenção especial à letra do aluno para que ele escreva legível. Nas primeiras séries, então, há metodologia própria para isso. Aliada à psicologia, determina a forma correta de o aluno adentrar a escrita. Antigamente havia até o caderno de caligrafia, usado até hoje, com linhas maiores e menores para letras maiúsculas e minúsculas.
          Muito bem. Depois de pelejar com aquele que não tinha traço legível, conseguíamos um bom resultado. A vida corre, esse menino cresce, estuda mais e se faz médico. Orgulhosos de termos contribuído de alguma forma para o crescimento dele. Um dia, vemos uma receita dele e nos deparamos com uma letra tão ilegível que nos perguntamos: “onde foi que nós erramos?”
          Fico pensando... Será que letra ilegível dá status? Ou será que o mistério que se esconde atrás da letra feia, atrai pacientes? Ou será, ainda, que ao ver aquela letra do outro mundo o doente acha que a força do além pode operar milagres?   Não sei. Só sei que na semana passada, uma amiga, muito simples, trouxe-me uma receita para eu ler.  Queria saber o nome do remédio receitado, e ouvir minha opinião. Abri a receita, olhei. A letra parecia hieróglifos da antiguidade. Estava bem explícita a frase: “ l caixa de couve e uma saca de palmito. Tomar de 12 em 12 horas.”  Como eu estava de muito bom humor, aproveitei-me da ingenuidade dela e resolvi levar na brincadeira. Disse: “ aqui está escrito “uma caixa de couve e uma saca de palmito”.  Ela arregalou os olhos e falou: “Ora, pois! O que vem a ser isto?” Afirmei: “o médico quer que você  coma couve e palmito.” Ela com cara de dúvida me perguntou: “Mas isto cura os ossos da gente?”  Segurei o riso e disse que couve tem muita vitamina. Apresentou-me a outra receita – eram duas – onde se lia o nome do remédio. E abaixo a dosagem sugeria o seguinte: “tomar um chope no ensexo.”  Então, li em voz alta:”Tomar um chope no ensexo.”  Ela botou a mão no coração e disse baixinho: “ onde já se viu isto, Marilene?”  Respondi: “Eu acho que o médico quer que você tome chope fazendo sexo!”  Ela, muito religiosa, se desesperou: “ Este dotô tá é maluco, sô!”   Não me contive e caí na risada. Ela viu que se tratava de uma brincadeira  e foi logo procurar uma farmácia.
          Admiro, profundamente, os médicos. Uma profissão de extrema grandeza por lidar com a vida e por evidenciar abnegações e competência. Eles são verdadeiros apóstolos da medicina, discípulos do altruísmo, da caridade, do bem maior. Não é a letra ilegível que irá macular a missão tão nobre de ouvir e curar. Só que acarreta dificuldades aos pacientes e, às vezes, aos próprios farmacêuticos.
          O melhor seria digitar a receita para não haver dúvidas. Os que não quiserem, devem dar dicas, como pingar o i, cortar o t e fazer três montanhas no m.
          Já pensou se minha amiga resolve fazer sexo tomando chope? Seria gostoso, é claro. Mas a doença permaneceria. E, quem sabe, mais adoentada ainda, ela nunca mais poderia tomar chope, nem fazer sexo.




quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Violência sem fim


A violência, sob todos os aspectos, assola o país e tem nos deixado perplexos e desesperançados.
Recentemente, o crime cometido contra uma família de policiais, cujo principal suspeito é o filho de 13 anos, chocou o Brasil e é notícia nos principais jornais do mundo.   A família, os vizinhos, amigos do casal e até professoras do menino, não acreditam na participação dele na chacina. Ele teria vitimado, além dos pais, a avó, a tia e logo depois cometeu suicídio.   Na verdade, é inacreditável que um adolescente normal, carinhoso com os pais  e com todos os  de seu convívio, tenha assassinado tantas pessoas de forma cruel, calculada e magistral. Para efetuar um crime como esse, sem deixar uma pista notória, só mesmo um indivíduo traquejado no ofício de matar. Diante da indecisão, as investigações prosseguem.
No entanto, o que nos faz debruçar sobre o assunto, não é somente o crime em si, mas são as questões levantadas por psicólogos, policiais de gabarito e investigadores experientes. Esses entendidos querem saber tudo sobre o comportamento do garoto. Se ele tinha intimidade com armas, com jogos violentos, se assistia a filmes de tensão, pois tudo isso pode atuar de forma negativa na mente dos jovens.  Mesmo que ele não seja o culpado, as indagações revelam que comportamentos instigadores da violência podem agredir a saúde mental de jovens e crianças.
São traços marcantes da adolescência a fragilidade das emoções, o desejo de descobertas, a inconsequência, o desejo de imitar ídolos.
Preocupa-nos a violência contra os jovens ou cometida por eles porque a juventude e a infância guardam a nossa esperança no futuro. Serão os futuros dirigentes da nação, os professores, os médicos, e os demais profissionais.   E expostos a tantos males, jovens e crianças são os mais afetados pela violência.  E o pior é que engrossam as estatísticas de mortalidade.
Nas estradas morrem muitos jovens por serem mais desafiadores. Os motociclistas – a maioria é jovem – têm causado caos no trânsito e perdendo a vida num transporte perigoso.
As drogas – outra forma de violência – ceifam a existência de nossa juventude e arruínam famílias.   O uso delas, hoje tão disseminado, compromete os estudos, a vida normal e a felicidade dos usuários. E o tratamento é difícil e requer dose extra de força de vontade.
            Grande parte dos acidentes de trânsito, de crimes passionais ou por vingança, e mesmo de crimes sem motivo, há sempre drogas promovendo as matanças. E lá se vão nossos jovens.   Ano passado, todo mundo ainda se lembra da morte de 246 jovens na boate kiss  em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Tudo por conta da violência com nome de descaso de autoridades e organizadores do evento.
          O que mais dói e desencanta é a violência contra crianças. Uma criança maltratada ou violentada leva marcas para o resto da vida.    Há pouco, assistimos ao hediondo crime contra um garoto boliviano. Chorando desesperado, estendia sua mãozinha frágil para o assaltante pedindo-lhe poupar sua mãezinha. Foi morto impiedosamente pelo criminoso.  Fatos como esse faz-nos pensar em Deus e pedir suas bênçãos sobre a humanidade. 
Diante de tragédias que levam vidas, que poderiam ser poupadas, pergunto a Deus o porquê de Ele não acudir as pessoas diante de tanta violência. Digo como Castro Alves em seu Navio Negreiro: Onde estás, Senhor, que não respondes?       Medito na evidência de ver as igrejas cheias de fiéis de todos os credos rezando numa corrente de boa vontade. E, mesmo assim, a violência continua.  Concluo que a oração tem de vir acompanhada da ação. Todos nós devemos trabalhar para diminuir as tragédias. Só depois de agirmos utilizando todas as ferramentas, é que nossa prece ganha sentido e toca o coração Daquele que não precisou de nós para criar o mundo, mas não o constrói sem nossa ajuda.



domingo, 4 de agosto de 2013

Papa Francisco

          Com sorriso inteiro no rosto simpático, o papa Francisco chega ao Brasil encantando a todos. Recepcionado com entusiasmo, o Rio de Janeiro parou e multidões acenavam-lhe e tentavam se acercar do carro que o condizia para vê-lo de perto e ganhar sua bênção.
          A presidente Dilma Roussef o recebeu com simpatia e fez bonito ao representar bem o povo brasileiro. O papa agradeceu a acolhida dos cariocas e, entre outras considerações, disse que Deus ama a juventude.
Em Aparecida, o evento revestiu-se de beleza e contentamento constituindo um momento único de comoção e fé. Nem mesmo a chuva conseguiu tirar o brilho da comemoração, pois intensa foi a expectativa do povo de sentir a presença do Santo Padre, de apreciar seus gestos espontâneos que, quase sempre, surpreendem. Mais que isso, todos desejavam ouvir sua palavra tão importante para a juventude e os fiéis. Ele que se revela humilde, generoso, pronto a combater a vaidade humana e exaltar os pobres e excluídos, certamente terá  uma palavra terna de orientação neste novo tempo.
          No santuário de Aparecida, rezou sua primeira missa pública em território estrangeiro, desde que assumiu o governo da Igreja. Seu primeiro ato foi o de se colocar aos pés da imagem original de Nossa Senhora Aparecida e, emocionado, consagrar-se a Ela, pedindo-lhe levasse ao Pai sua prece em favor dos jovens e da Igreja.      Na missa, a segunda leitura retirada do Gêneses, e o evangelho descrevendo as bodas de Caná, evocaram a presença da Mãe de Deus, de quem o papa é devoto.      Na homilia, ressaltou três valores que devem nortear a vida do cristão: conservar a esperança, deixar-se surpreender pelo amor de Deus e viver na alegria. 
          Ele, que fala tanto sobre as drogas, visitou uma instituição que acolhe dependentes químicos e recebeu de presente uma imagem de São Francisco de Assis – símbolo de desapego e paz.
Também insere em seus discursos a visão política dos acontecimentos. Exorta os políticos a agirem com o pensamento no bem comum. Que pensem nos males do nosso tempo, como o desemprego que tira do jovem um horizonte de possibilidades.
          Outro tema corrente em sua fala é sobre o valor das mães e das avós, por serem elas as primeiras catequistas dos filhos e netos, incutindo-lhes a fé e os bons costumes.   Chegou a afirmar que as avós são o presente mais precioso de Deus.  E é bom lembrar que essa sua predileção  pelas avós deve-se  ao fato de ele ter convivido de forma forte e assídua com sua avó, e aprendido dela as lições inesquecíveis de fé que, seguramente, iluminaram sua vocação.
          Há de se ressaltar a impecável organização do evento em Aparecida, tanto do ponto de vista religioso – escolha dos textos, cânticos, cerimonial – como sob o ponto de vista da lojística. Não foi registrado nenhum incidente.
          Que o Espírito Santo – inspirador da Igreja – ilumine o papa em suas palavras e diretrizes, e aos  jovens para que se abram ao  Amor de Deus e renunciem aos imperiosos chamados da vida moderna. Que se lembrem do caminho estreito por onde, muitas vezes, passa a salvação.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

É PRECISO FESTEJAR



            Dia primeiro de junho próximo, lançarei dois livros dedicados ao público infantil: A roupa mágica do palhaço e Asas de menino. O evento será no Centro de Convenções Dário Grossi, às 20 horas.
            Desta vez, uma data especial justifica a festa. Completo 35 anos de minha primeira publicação: Balão Azul. Uma caminhada de lutas e trabalho, mas também de recompensas.
            Faço festa por vários motivos. O primeiro deles é festejar o livro que, sendo fonte de conhecimento e prazer, merece ser recebido com alegria. Não festejo somente minha obra, mas o livro, esse veículo de enriquecimento. Também por se tratar de livro infantil, é sempre bom chamar a atenção das crianças para a leitura, já que o objetivo da família, da escola e de todos que escrevem é ajudar na formação do hábito de leitura. E quando se lança um livro com festa, é mais fácil chegar ao conhecimento dos pais e, consequentemente, dos filhos.   Às vezes, um livro simples agrada a criança que, a partir daí, deseja ler mais e conhecer outros livros e outros autores.
            Outro motivo é reunir amigos. Só com amigos podemos celebrar um acontecimento. Como disse o poeta: um galo sozinho não tece uma manhã. A vida só tem sentido, quando compartilhada.  Como erguer uma taça de contentamento, se não houver amigos para brindar?  O prazer se multiplica quando é dividido com corações que batem no ritmo do nosso. 
            Ainda há outro motivo. Sempre trago um espetáculo de arte para recepcionar meus convidados. Entendo que, se eu vou reunir amigos, por que não aproveitar do encontro para viver instantes de beleza e emoção?  Mesmo porque a vida anda tão violenta e incerta, que inventar motivos de alegria, só vai nos agasalhar a alma.
            Artistas de casa e de fora farão a festa. De Belo Horizonte, virá a trupe Maria Farinha com um espetáculo grandioso. Talento, graça e alegria do grupo vão agradar adultos e crianças. Imperdível!  Desde que assisti à apresentação deles, tive vontade de trazê-los para, também, conquistar o público de Caratinga.
            Para nosso deleite, teremos poemas com nossas crianças. Poesia não pode faltar. Lúdica e lírica, ela é condizente com a alma infantil.
            Haverá espaço para lembranças. Vale a pena conferir a performance de Célio Bonfim e Célia, de Heloísa Chálabi, de Marília Chálabi, de Marlene Almeida Fernandes, da Consolação, da Ângela e Eduardo Buzim, de Marta Ribeiro, Paula Verneck, Vânia e Dr. Wiliam, Claudine e Geraldinho.
Espero todos os amigos.  Até lá!  

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Entrevista de Marilene Godinho para a revista Polo Regional





1-    Com que idade a senhora descobriu a vocação para ser escritora infantil?  A senhora teve incentivo de algum familiar? Fale um pouco sobre o início de sua carreira.
R- Desde criança sempre gostei de escrever, inventar poemas e contos. Lembro que aos 9 anos, mais ou menos, escrevi minha primeira historinha, a pedido de Irmã Ludowina – uma freira organizadora das festas do meu Colégio do Carmo. Daí em diante, sempre que precisavam de um texto com linguagem infantil, as professoras me procuravam.  Acredito em que a participação em teatros, em declamações de poesias, em contação de histórias, em dança e corais, tenha estimulado em mim o gosto por textos, pois todo tipo de arte aguça e imaginação e nos faz compor um texto, às vezes com palavras, às vezes em outras formas de linguagem.
       Minha família sempre me deu total apoio em tudo que faço.
       Embora gostasse de escrever, nunca pensei em publicar. Escrevia por escrever.  Pelo fato de eu ser professora e lidar com crianças, escrevia para meus alunos histórias diferentes das que se contavam comumente. Um dia, meu irmão, Cléber, sugeriu que eu publicasse meus contos que, segundo ele, poderiam divertir as crianças. Procurei, então, a editora Comunicação, especializada em literatura infantil. O editor era André Carvalho, um homem muito inteligente, iluminado, bom escritor e cheio de sonhos e entusiasmo. Recebeu-me com atenção, gostou dos contos e, logo, os publicou.  Continuei escrevendo e as portas sempre estiveram abertas para mim.

2- Como foi a aceitação do seu primeiro livro? Teve algum livro que causou maior entusiasmo nas crianças? Fale um pouco sobre ele.
R – Tive muita sorte. O Balão Azul, meu primeiro livro, foi recebido com entusiasmo aqui e em outras cidades nas quais a editora distribuía.
No princípio é tudo mais difícil, mas, no meu caso, sendo a primeira autora de livros infantis da cidade, causou curiosidade. Depois tudo foi se ajeitando.   Míriam Mangeli Ferreira foi a primeira diretora de escola que me convidou para falar aos alunos e levar meu livro. Bajane foi a primeira professora que adotou o Balão Azul na escola Estadual Menino Jesus de Praga.   E há um amigo, a quem devo favores e gentilezas. Trata-se de Humberto Luiz Salustiano Costa que me prestigiou com a presença no lançamento da obra, explicando a todos os presentes como era um lançamento de livro. Além disso, abriu-me as páginas do Jornal de Caratinga, com a aprovação de Eurico Gade, para propaganda e acolhimento às minhas crônicas. Há um fator essencial no impulso à minha carreira: o apoio dos meus amigos. Minha terra, sempre generosa comigo, marcou presença em minhas festas e leu com carinho todas as minhas obras. Além do povo, as escolas são um incentivo ao meu trabalho.
         Todos os livros são bem vendidos aqui e em outros lugares. O primeiro, Balão Azul, causou impacto por ser o primeiro. Depois veio “Uma canção de amor para Tiago”, muito comentado por ser uma história real. E o “Lua de rapadura” faz a cabeça de muitas crianças por ter linguagem da roça e ser um livro alegre. Também, por ser feito de poemas. As crianças são lúdicas, por isso se encantam com o jogo de palavras e rimas.

3- Quantos livros a senhora já lançou e quantos ainda pretende lançar? Tem algum lançamento novo em andamento? Fale um pouco sobre esse projeto.
R – Já editei 31 livros. E para este ano, precisamente, no dia primeiro de junho estarei lançando duas obras: “Roupa mágica do palhaço”, cujo projeto gráfico é do grande escritor e artista Marcelo Xavier, e “Asas de menino”.   Dois livros para comemorar os 35 anos de minha primeira publicação. Pretendo fazer uma grande festa e espero todos os amigos.

4- Sabemos que a senhora e o Ziraldo só lançam livros infantis. Vocês trabalham em sintonia?
 R – Não trabalhamos em sintonia.  Admiro muito o trabalho de |Ziraldo e sua obra. Ele é um gênio.  Devo a ele gentilezas impagáveis. Ilustrou  meus dois primeiros livros e prefaciou o Balão Azul.  Além disso, foi  presença importante no lançamento do primeiro livro no Rio de Janeiro. Deu-me a maior força e ainda levou o Grande Otelo para me prestigiar. E foi em nome da gratidão que o homenageei , anos atrás, pelo “Menino maluquinho” e, recentemente, pelos oitenta anos de vida.  Organizei toda a festa, contei com a presença bonita das escolas e o resultado foi gratificante. A festa agradou a cidade a ao Ziraldo que, até hoje, agradece emocionado.

5 – Sabemos que toda leitura é uma viagem ao mundo do conhecimento. Deixe uma mensagem de incentivo à leitura para as crianças de hoje.
R – Minha mensagem às crianças é sempre para dizer que leiam muito. O livro é fonte de prazer e conhecimento. E o conhecimento liberta porque forma a consciência crítica do indivíduo e o capacita a administrar suas escolhas, seu trabalho e seu convívio com todos. “Um país se faz com homens e livros”, foi o que disse o grande escritor Monteiro Lobato, pai da literatura infantil. Na criança, o hábito de leitura, tão importante à sua formação, só acontece pelo prazer. Por isso, pais e escola devem colocar muitos livros nas mãos dos pequeninos, para que, desde cedo, eles tenham intimidade com o livro, como acontece com os brinquedos. E o prazer ocorre enquanto a criança lê, já que os livros infantis são bem cuidados, interessantes e feitos para atrair o pequeno-leitor. Então, a leitura torna-se uma viagem ao mundo do conhecimento que se apresenta revestido de fantasia, cores e palavras. E aí acontece o milagre do livro: quanto mais se lê, mais se quer ler.
       
            Agradeço ao Mário Soares pela oportunidade de falar sobre meu trabalho e minhas obras.  Sucesso a sua revista.