Morre
o grande escritor colombiano Gabriel García Márquez. Nascido em Aracataca em 06
de abril de 1928, é um dos escritores
mais admirados e traduzidos do mundo, considerado, também, um dos escritores
mais importantes do século XX. Vendeu mais de 50 milhões de exemplares
traduzidos em 36 idiomas.
Escritor,
jornalista, editor e ativista político, era conhecido como Gabo. Estudou
Direito e Ciências Políticas, mas abandonou os estudos para se dedicar ao
jornalismo.
Criado
pelos avós maternos, que exerceram grande influência sobre suas obras, ouvia deles histórias fantásticas de magia e
encantamento. Morrendo-lhe os avós, foi morar com os pais aos oito anos de
idade. Casado com Mercedes Barcha Pardo
desde 1958, tiveram dois filhos, Rodrigo e Gonzalo.
Ganhador
de muitas condecorações literárias, foi agraciado com o prêmio Nobel de
Literatura em 1982 pelo conjunto de sua obra.
Tendo vasta criação literária, destacam-se: Cem anos de solidão, O amor
nos tempos do cólera, O outono do patriarca, Memórias de minhas putas tristes,
Relato de um náufrago, Crônica de uma morte anunciada, A incrível e triste história de Cândida Eréndira
e sua avó desalmada, O autobiográfico Viver para contar.
Passou
a juventude lendo. A obra “Metamorfose” de Franz Kafta impressionou-o muito e, após a leitura do
livro em que a personagem se transforma em um inseto, ele disse: “Então, é
possível escrever histórias tão diferentes e surreais.” A partir daí, perseguiu
as narrativas que o tornaram notável.
É
representante máximo do realismo fantástico, também denominado realismo mágico
ou realismo maravilhoso. O livro “Cem anos de solidão” é considerado ao lado de
Dom Quixote de Miguel de Cervantes, um dos livros mais importantes da
literatura espanhola. O estilo que o
consagrou é povoado de elementos mágicos que não possuem nenhuma explicação
para existirem. Um personagem pode acontecer no futuro e se repetir no
presente. Por ser mágicos, os fatos são surreais, mas vistos pelos personagens
como fatos normais e convencionais. Intuição e previsões surgem como dons
próprios dos seres humanos. Criar situações impossíveis foi a tônica de sua
mente criadora.
Falou
de si mesmo de forma divertida: “Sou escritor por causa da timidez. Minha
verdadeira vocação é ser mágico, mas fico tão encabulado tentando fazer os
truques, que tive de me refugiar na solidão da literatura.”
Sua
morte repercutiu no mundo inteiro. Escritores, jornalistas, chefes de Estado,
pessoas do povo. Todos sentiram seu desaparecimento. Isabel Allende, escritora
chilena, disse que ele é o escritor mais importante da América Latina, a voz do
realismo mágico e o pilar da explosão da literatura latino-americana. Mia Couto, escritor moçambicano falou: “Sua
obra se coloca acima da vida, por isso ele não morreu”. A presidente Dilma
Rousseff manifestou-se: “ Gabo conduzia
o leitor pelas ruas de Macondes imaginária como quem apresenta um mundo novo a uma criança.”
Ele
partiu, mas deixou-nos o melhor de sua vida: livros eternos e preciosos.
Fiquemos com a dádiva de suas histórias e com a sabedoria de sua palavra:
“Aprendi que todo mundo quer viver no topo da montanha, sem saber que a
verdadeira felicidade está na forma com ela é escalada”. Diante da lástima de perdê-lo, repetimos um
de seus pensamentos: “Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu.”