quarta-feira, 2 de abril de 2014

Violência contra a mulher


Em recente pesquisa sobre preconceito e violência contra a mulher, o resultado causou espanto. Entre, 3,8 mil entrevistados, 58% responderam que a mulher, quando usa roupa que mostre o corpo, merece ser molestada.  Houve indignação e até revolta por parte de pessoas com o mínimo senso de respeito. Vejam só o disparate: culpar a própria vítima pela agressão! Sabendo-se que o estupro é uma das mais sórdidas agressões contra a mulher.
A violência veio do preconceito. É cultural a posição de inferioridade da mulher, chamada pejorativamente de sexo frágil. Desde tempos remotos, ela é tida como aquela que só podia usufruir de um direito: servir o homem.  E essa posição de dependência, rendeu-lhe lágrimas, sofrimentos e, às vezes, a perda da própria vida.
Até nos evangelhos há uma passagem em que os homens queriam apedrejar uma pobre mulher pega em adultério. Quanta hipocrisia! Consideravam-na pecadora, e o homem que se envolveu com ela e a fez adúltera, não foi condenado. O pecado era só dela. Mas Jesus, misericordioso e justo, disse: “quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. E todos saíram em silêncio.
Mas os tempos passaram e, como tudo no mundo, os conceitos foram mudando, muitas vezes pela ação de mulheres corajosas que derrubaram barreiras e fizeram descortinar horizontes novos de esperança. Devagar, foram conquistando espaço e igualdade com o homem. Hoje, estão presentes em todas as atividades da vida humana. E têm mostrado tão eficientes quanto eles.
Embora as conquistas sejam grandes, ainda persiste a violência contra a mulher. O tipo que mais assusta é a violência doméstica que tem causado vítimas a cada minuto.  Os crimes passionais – na maioria das vezes praticados por homens que não aceitam a separação – enchem os noticiários. O machismo continua acompanhando o homem fazendo-o agressor e vítima.  Digo isso porque o homem que não governa a si mesmo é uma vítima de suas emoções descontroladas. Que vexame para um homem ter de usar a força física para estuprar uma mulher que não o ama, ou não quer fazer amor com ele...
A lei Maria da Penha, que ampara a mulher ameaçada e pune o agressor, tem ajudado muito, mas não tem sido efetiva. Segundo uma das psicólogas que coordena o setor, esse tipo de crime acontece, ainda, porque a mentalidade do homem não mudou. E a mentalidade não se forma de um dia para o outro, é um conjunto de crenças e hábitos de espírito que informam e comandam o pensamento de uma coletividade, comum a cada membro dessa coletividade. Demanda tempo.
Pasmem! Entre os 58% que se manifestaram daquela forma, não há só homens, mas também mulheres. Pensei bem e cheguei à conclusão que os homens integrantes daquela percentagem devem ter desvios sexuais graves. E as mulheres devem ser aquelas que já perderam o encanto, ou não os tem, por isso invejam as belas que podem se vestir com charme e sensualidade.
Continuemos nossa caminhada de luta. Enquanto esperamos pela vitória total, lembremo-nos de que só poderemos escolher caminhos, se tivermos a liberdade que vem do conhecimento. Quase sempre as mulheres oprimidas não procuram ajuda por medo de represália, ou porque não podem se sustentar.  Estudar, ler e se preparar para o mercado de trabalho são as formas mais seguras de garantir a liberdade.
Uma certeza nos alegra: os homens só serão completamente felizes, quanto todo mundo for feliz.





Nenhum comentário:

Postar um comentário