Em
recente pesquisa sobre preconceito e violência contra a mulher, o resultado
causou espanto. Entre, 3,8 mil entrevistados, 58% responderam que a mulher,
quando usa roupa que mostre o corpo, merece ser molestada. Houve indignação e até revolta por parte de
pessoas com o mínimo senso de respeito. Vejam só o disparate: culpar a própria
vítima pela agressão! Sabendo-se que o estupro é uma das mais sórdidas
agressões contra a mulher.
A
violência veio do preconceito. É cultural a posição de inferioridade da mulher,
chamada pejorativamente de sexo frágil. Desde tempos remotos, ela é tida como aquela
que só podia usufruir de um direito: servir o homem. E essa posição de dependência, rendeu-lhe
lágrimas, sofrimentos e, às vezes, a perda da própria vida.
Até
nos evangelhos há uma passagem em que os homens queriam apedrejar uma pobre
mulher pega em adultério. Quanta hipocrisia! Consideravam-na pecadora, e o
homem que se envolveu com ela e a fez adúltera, não foi condenado. O pecado era
só dela. Mas Jesus, misericordioso e justo, disse: “quem de vós estiver sem
pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. E todos saíram em silêncio.
Mas
os tempos passaram e, como tudo no mundo, os conceitos foram mudando, muitas
vezes pela ação de mulheres corajosas que derrubaram barreiras e fizeram
descortinar horizontes novos de esperança. Devagar, foram conquistando espaço e
igualdade com o homem. Hoje, estão presentes em todas as atividades da vida
humana. E têm mostrado tão eficientes quanto eles.
Embora
as conquistas sejam grandes, ainda persiste a violência contra a mulher. O tipo
que mais assusta é a violência doméstica que tem causado vítimas a cada
minuto. Os crimes passionais – na
maioria das vezes praticados por homens que não aceitam a separação – enchem os
noticiários. O machismo continua acompanhando o homem fazendo-o agressor e
vítima. Digo isso porque o homem que não
governa a si mesmo é uma vítima de suas emoções descontroladas. Que vexame para
um homem ter de usar a força física para estuprar uma mulher que não o ama, ou
não quer fazer amor com ele...
A
lei Maria da Penha, que ampara a mulher ameaçada e pune o agressor, tem ajudado
muito, mas não tem sido efetiva. Segundo uma das psicólogas que coordena o setor,
esse tipo de crime acontece, ainda, porque a mentalidade do homem não mudou. E
a mentalidade não se forma de um dia para o outro, é um conjunto de crenças e
hábitos de espírito que informam e comandam o pensamento de uma coletividade,
comum a cada membro dessa coletividade. Demanda tempo.
Pasmem!
Entre os 58% que se manifestaram daquela forma, não há só homens, mas também
mulheres. Pensei bem e cheguei à conclusão que os homens integrantes daquela
percentagem devem ter desvios sexuais graves. E as mulheres devem ser aquelas
que já perderam o encanto, ou não os tem, por isso invejam as belas que podem
se vestir com charme e sensualidade.
Continuemos
nossa caminhada de luta. Enquanto esperamos pela vitória total, lembremo-nos de
que só poderemos escolher caminhos, se tivermos a liberdade que vem do
conhecimento. Quase sempre as mulheres oprimidas não procuram ajuda por medo de
represália, ou porque não podem se sustentar.
Estudar, ler e se preparar para o mercado de trabalho são as formas mais
seguras de garantir a liberdade.
Uma
certeza nos alegra: os homens só serão completamente felizes, quanto todo mundo
for feliz.
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