quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Hoje é dia de Maria Carolina

                                             
          Maria Carolina Rodrigues Lopes nasceu no dia 07 de novembro de 2000. Na virada do século que prenunciava um novo tempo, sua chegada também se revestia de esperança, de bons desejos, de contentamento e bênçãos.
          Os pais, Marcos e Ivone, de joelhos agradeciam o presente do céu, um novo ser  chegando para  inundar de luz a casa, a existência e o coração deles.
          Desde pequena encantava todos a seu redor com a suavidade de seu riso, vivacidade de seus gestos e de seu olhar de curiosidade. Participativa e inteligente, logo permitiu que a poesia, a música, a dança e o teatro fizessem parte de sua infância.  Aos 4 anos de idade participou do primeiro recital de poesias na Escola Municipal Cinderela com o poema “Caixa Mágica de Surpresa”. Na verdade, a caixa mágica de surpresa foi ela mesma que surpreendeu com sua graça e com a maneira expressiva de declamar. A partir daí, era sempre convidada a participar de eventos. Em minhas festas, ela era presença constante e apreciada. Decorava com facilidade e, não importando o tema, fazia sublime todo e qualquer verso.   Também, a magia da música a conquistou e marcou profundamente sua infância.  Para começar, foi protagonista da peça “O Mágico de Oz” e cantou a música “Além do arco- íris”.  O momento foi tão emocionante que arrancou aplausos entusiasmados da plateia e deixou um toque de encantamento em sua alma. Toda vez que escuta essa melodia, a lembrança daquele momento toca-lhe o sentimento.  Nos recitais de poesia da E. E. Menino Jesus de Praga, sempre conquistou os primeiros lugares, colecionando medalhas e elogios. Com os poemas “Minha Escola” e “Mãe Brasileira”  de minha autoria, ela comoveu o público e as recitou em outras cidades representando a Escola.   Demonstrava a mesma garra e determinação em outras atividades, como o futsal, vôlei e ginástica rítmica. Isso nos mostra o quanto a arte foi evidenciando seus dons e apontando para um rico potencial.
          Muito estudiosa, gosta de ler e escrever. Nas minhas oficinas de “Produção de Textos” foi sempre notável. Atenta, escrevia bem, inventava e sabia passear pelo mundo da lua. Depois, foi tomando traquejo com as palavras e brilhava nos argumentos.
             Acalenta dois sonhos: o de ser cantora e médica. Cantora ela já é. Nos próximos dias lançará seu primeiro CD com 12 canções de sua autoria. Com a supervisão do Beto de Souza, o trabalho tem tudo para agradar e fazê-la continuar.  Quanto à medicina, já sabemos que alcançará esse ideal. Por tudo quanto conhecemos dela, já antevemos a profissional competente diante das doenças do corpo, e generosa diante dos males da alma.
          Filha carinhosa a proporcionar somente alegrias à família. Irmã parceira, amiga leal das confidências, dos segredos, do compartilhamento de tristezas e conquistas.  Maria Luísa Silvério Rodrigues é a amiga especial que pode nos dizer da amizade bonita que as une. Recentemente, os amigos Fábio e Teixeira fazem parte de seu afeto, já considerados pessoas da família.
          Ama, respeita, admira os avós.  Herdou da bisavó, Maria Maximiliana, a devoção à Santíssima Virgem. Nossa menina é religiosa, de preces, de ação e de fé. Participa das pregações de Louvores ao Senhor no EAC, e sempre integra equipes para encontros de formação e espiritualidade.
          Agora, Maria Carolina completa 15 anos. Adentra a juventude aquecida por uma infância feliz.  A mocidade é considerada por muitos o tempo mais feliz da vida por guardar os sonhos, o entusiasmo, as descobertas. É o tempo de flores e de amores, mas também é o tempo de incertezas e dúvidas que o fazem instigante e desafiador. Embora haja hoje maior abertura ao diálogo, aos namoros, aos prazeres, é preciso ter discernimento diante da liberdade.  É época do plantio daquilo que se vai colher depois. Por isso, desejo à Maria Carolina todas as bênção de Deus sobre sua vida. Que Ele guie seus passos no caminho do bem, enquanto Maria Santíssima vá acalantando-a e dando-lhe o colo nos atalhos do caminho.
          Há de se ter paciência e compreensão com a menina-moça. Nela misturam-se alegrias e tristezas, “um quer e não quer”, um vaivém de emoções que a faz inconstante. Machado de Assis define muito bem essa etapa da vida:
Está naquela idade inquieta e duvidosa,
que não é dia claro e já é o alvorecer;
entreaberto botão, entrefechada rosa,
um pouco de menina e um pouco de mulher.
É que esta criatura adorável, divina,
nem se pode explicar, nem se pode entender;
procura-se a mulher e encontra-se a menina,
quer-se ver a menina e encontra-se a mulher.
              Agradecemos a Deus pela vida de Maria Carolina, por suas qualidades e escolhas. Agradecemos, também, pela família amorosa e atenta, especialmente pelos pais que souberam lhe dar incentivo às realizações, exemplo à conduta e amor incondicional a forrar de segurança seus passos.
          Que a felicidade faça morada em você. Não só dessa felicidade de risos e alardes, mas da grande felicidade interior, que a leve a se sentir feliz em qualquer tempo, em qualquer lugar. Mesmo sendo inverno, que você guarde no peito a primavera.
           A oração seja-lhe alimento diário. Aprendida no colo da mãe, no catecismo de criança e nos ensinamentos do divino Mestre, possa você, no poder infinito da prece, inundar-se de paz e fortalecer a fé – que é graça e busca.
          Não pense que só lhe desejo instantes sérios e compenetrados. Não. Desejo-lhe risos, viagens, namorados, amores, amigos, sonhos e mais sonhos. E mais: que você conserve o coração de criança para se deslumbrar com as coisas simples da vida. 

          Continuo seguindo seu sucesso e torcendo por você.  

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A alegria que o livro traz


            A convite da professora Jussara Ribeiro Santos estive, no dia 21 de outubro, em São Domingos das Dores para uma tarde com alunos, professores e livros num clima de muita alegria. As Escolas Municipais “José Chagas Lopes” e  “Juca Jacinto” reuniram-se para um momento de literatura.
Emocionou-me a homenagem. Sendo cidadã honorária da cidade, e tendo composto o hino do município, fui recebida com muito carinho pelas escolas.
O fechamento do projeto sobre poesia contou com a presença de todos os alunos dos educandários, professores e direção. Focalizaram minha obra em prosa e verso.  A ornamentação do recinto foi preparada com dedicação e gosto: o hino exposto em um grande cartaz, reprodução de capas dos meus livros, mesa com flores e muito colorido.
Os alunos – os grandes protagonistas do evento – receberam-me com entusiasmo, demonstraram muito interesse pelos livros e fizeram lindas apresentações de poemas do livro “Lua de rapadura.”
Foi um verdadeiro espetáculo a participação das crianças comandadas pela professora Carminha que, com graça, simpatia e muito talento, soube prender  a atenção dos pequenos e tecer comentários incentivadores antes de cada número.   Todos os alunos se apresentaram e fizeram bonito nas declamações e danças. Muito atentos, aplaudiram a história que contei e, pude ver nos olhinhos curiosos, o interesse bem aceso.
Um dos momentos mais interessantes na minha lida com textos é ver o encontro dos livros com o público alvo. O entusiasmo das crianças gratifica-me, e o trabalho abnegado das professoras fala-me da grandeza do mestre e da Educação.
Por esse momento de literatura e homenagem, devo agradecer. À diretora Cislei Moreira Portes e todos os professores que tornaram possível esse instante de envolvimento com a leitura, a arte e o prazer. De forma especial, agradeço à Jussara pelo convite e empenho, também as gentilezas do professor Geraldo, chamado carinhosamente de Viola. Além de buscar-me em minha casa e me trazer de volta, foi um excelente anfitrião e conhecedor entusiasta da história da terra.
Agradecer a Deus  a oportunidade de  desenvolver o meu trabalho com entusiasmo e poder conviver com crianças e adolescentes, professores e livros. Fico feliz em ver que minhas histórias e versos puderam inspirar momentos tão enriquecedores.  Nas asas da palavra, as escolas voaram alto levando os alunos ao encontro das estrelas.

O que disseram as professoras:

“Amiga Marilene Godinho,
Nada acontece sem ser sonhado. Sonhamos muito com esse momento e foi inesquecível e você é incomparável. Nosso muito obrigado.”
Professores e alunos da E.M. José Chagas Lopes e E.M. Juca Jacinto.
São Domingos das Dores

“Nós da Escola Municipal José Chagas Lopes, ficamos muito felizes com sua presença. Muito obrigada.”











quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Marilene Godinho faz palestra no curso Cleber Godinho

            Marilene Godinho faz palestra no 19º Curso Cleber Godinho. O tema: A arte de conviver foi desenvolvido para médicos e secretárias no dia 14/10/2015.





Festa do lançamento dos livros "Cadê o palhaço?" e "Mãe com mel"

Festa do lançamento dos livros "Cadê o palhaço?" e "Mãe com mel", dia 19/09/2015, na Unec. Muita alegria e expressivo público.












sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Padre José Raul dos Santos Oliveira

                    
Esteve de aniversário o querido padre José Raul. Constitui alegria imensa para todos nós que o admiramos e sabemos da importância de seu trabalho e de sua vida. Mais um ano no calendário das abnegações, das mãos estendidas, do olhar voltado para o alto, dos passos seguidores das pegadas de Jesus.
Nasceu no dia 1º de setembro de 1953 em Jequeri, Minas Gerais. Filho de Antônio Raimundo de Oliveira e Amélia Pedro dos Santos. Seis filhos dividiam o convívio harmonioso de uma casa simples, mas radiante de bênçãos e paz.
Criança tranquila e boa, nunca foi afeito a grandes travessuras. Religioso, já resplandecia nele aquela chama que antecipava, aos olhos de todos, a futura vocação.  Garoto, ainda, era chamado para rezar o terço com os fiéis da redondeza. Devoção exercida com a seriedade dos que têm fé, e com o entusiasmo dos que sentem tocados pelo olhar do Mestre.
Os primeiros estudos foram feitos em Dom Cavati, depois continuou no Colégio São João Batista em São João do Oriente, uma escola particular que o premiou com uma bolsa de estudos por ter alcançado excelentes notas.  Estudioso e aplicado, ingressou no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário e São José, de Caratinga, onde estudou  por todo o tempo de preparação e formação ao sacerdócio.  Nessa época, Monsenhor Raul era reitor do seminário, e padre Othon, diretor espiritual.  A esses dois sacerdotes, dedica gratidão e apreço pelo acompanhamento e incentivo no atendimento e na realização do chamado divino. Ordenou-se no dia 31 de janeiro de 1982 em Taruaçu, Minas Gerais.    Concluiu o curso de psicanálise em Belo Horizonte ampliando o conhecimento de professor e entendedor da mente e do comportamento humanos.
A partir da ordenação, ele iniciou o ministério sacerdotal marcado pela entrega abnegada às causas de Deus. Sem olhar limitações, cansaços, lutas de todos os dias, foi cumprindo sua missão com os olhos fitos na cruz e no amparo de Nossa Senhora, que nunca despreza os seguidores de Seu Filho.
Duas irmãs e três irmãos recebem dele segurança e amor.  Por terem perdido os pais muito cedo, padre José Raul tomou o lugar paterno e materno da família. Como pai amoroso compartilha alegrias, tristezas, lutas e vitórias. Quando é preciso, oferece ajuda material, econômica e, sobretudo, sua presença a infundir confiança. Sendo, também, um pouco mãe, dá colo, mima, faz agrados.  Na verdade, ele é luz sempre acesa em volta da qual a família se agasalha.  Em troca, recebe carinho e reconhecimento dos irmãos que, ao falarem dele, não encontram palavras para definir a generosa partilha dos bens e do próprio coração.
Com o mesmo fervor com que reza as ladainhas da Igreja, percorre a ladainha de suas andanças levando a Palavra, a Eucaristia, o perdão, o Amor. Deixou- se inteiro nas várias cidades por onde passou: Igreja da Conceição em Caratinga, Santa Bárbara do Leste, São Sebastião do Sacramento, Divino, Santa Rita de Minas, Entre Folhas, Ipanema, Caputira, Bom Jesus do Galho, São João do Oriente e, atualmente, é vigário da catedral de Caratinga.
Aqui em nosso meio, continua iluminando. Bondoso, simples, culto, vai espalhando carisma, sorriso manso, fala leve e profunda. Suas homilias são de sacerdote-professor, sempre levando os argumentos de forma didática, muitas vezes coloquial, e interessante.  É um dos padres que mais recebem e atendem pessoas. Procurado por fiéis e amigos de toda parte, incluindo os paroquianos dos lugares por onde passou. Uma multidão que não quer prescindir de sua direção espiritual, de seus conselhos e do convívio feliz que preenche o coração.  Tudo por causa de sua amabilidade, virtudes e sensibilidade para entender o outro e descobrir no recôndito das almas o que as perturba e as faz sofrer.  Com sábias palavras, sabe colocar o bálsamo contido nos evangelhos: “eu vim para que tenhas vida, e vida cada vez mais abundante”.
Desejamos-lhe felicidade.  Que possamos, por muitos anos ainda, tê-lo entre nós para banhar-nos na água viva de seu exemplo e ensinamentos. Que o Espírito Santo continue inspirando-o e apontando-lhe metas e caminhos para que haja semeadura perene e fértil nas searas do Reino do Pai.  Parabéns!     E seu louvor, padre José Raul, repetimos a delicada prece irlandesa: “Que a estrada se abra à sua frente, que o vento sopre levemente às suas costas, que o sol brilhe morno e suave em sua face, que a chuva caia de mansinho em seus campos, e até que possamos festejar essa data outra vez, que Deus o guarde na palma de Sua mão”.



terça-feira, 25 de agosto de 2015

Irmã Francina


            Com imensa tristeza, noticiamos a morte da querida Irmã Francina.  Nós, ex-alunas carmelitanas, lamentamos a perda e recordamos sua figura dinâmica, alegre, comprometida com os ideais do educandário e da congregação.
Viveu em Caratinga no tempo áureo do Colégio do Carmo como professora de geografia e educação física.  E foi nessa última disciplina que ela mais se destacou por realizar magníficos espetáculos de ginástica no dia a dia e em ocasiões especiais. Disciplinadora de mão cheia, suas exigências chegavam à perfeição. Tínhamos de usar uniforme limpo, completo, bem passado e até as meias tinham de estar a determinada altura dos joelhos. Para que a fila fosse impecável, ela ensinava: cada aluna deve olhar a nuca da colega da frente.   Os desfiles de 7 de setembro e dia da cidade, eram brilhantes!  Ensaiava por muito tempo e se esmerava na condução da bateria.  Contratou um soldado do tiro de guerra para ensinar posições e movimentos das balizas e aperfeiçoar o toque dos bumbos e taróis. Tudo por conta da grandeza que ela desejava conferir à apresentação. E nosso Colégio do Carmo fazia bonito pela ordem e beleza. Aplaudido pelas autoridades do palanque, arrancava elogios que nos deixavam orgulhosas e motivadas para os próximos desfiles.
O que mais nos causava admiração em sua maneira de ser, era a autenticidade de se assumir como era. Não tinha, como a maioria das freiras, aquele ar religioso, olhar calmo, sorriso piedoso, como convinha àquela época. Ela era inquieta, ativa e usava até uma forma diferente de repreender. Certa vez, uma aluna lhe fez uma malcriação. Para não levar castigo e com medo da fúria da Irmã, a menina correu. Mas a freira, não podendo alcançá-la para aplicar-lhe uma descompostura, como era seu estilo, não deixou por menos, pegou um apagador cheio de giz e jogou na aluna. Diante da cena inusitada, a classe caiu na gargalhada, e tudo virou brincadeira.
No início de cada ano, fazíamos exames médicos para ver se estávamos aptas para as aulas de educação física. Enquanto o Dr. Ércio  Bamberg  auscultava o coração, Irmã Francina pesava a gente. Tínhamos de tirar os sapatos para subir à balança. Então, era um deus- nos- acuda, pois muitas de nós estávamos com as meias furadas.   Para não nos humilhar, ela fingia que não estava vendo, embora esboçasse um risinho de quem via, mas não via.
Mercê sua competência, sua experiência de verdadeira educadora, poder de liderança e espírito empreendedor, foi diretora do Colégio do Carmo em época posterior. 
Embora distante daqui, nunca se esqueceu de nossa terra onde, segundo dizia, foi o lugar que a tinha conquistado para sempre.  Lembrava-se de tudo acerca do seu tempo entre nós. Citava nomes, recordava fatos e perguntava pelas amigas. Notava-se o quanto seu coração ainda pulsava por todas nós. Cada encontro seu com ex-alunas que a procuravam, era um reviver de emoções.   Por tanto e por tudo, tornou-se inesquecível e faz parte de nossa história em suas páginas mais fecundas.  Dilena – seu nome de batismo – deixou-nos no dia 21 deste mês, aos 85 anos de idade, e foi sepultada em Recreio, MG, sua terra natal. Atualmente, vivia em Teresópolis. As Irmãs de seu convívio recente, entristecidas, falam da generosidade e do companheirismo que nortearam sua conduta.  Era tesoureira e, com lucidez, zelava pela economia e interesses da Instituição.

Indelével ficará sua passagem entre nós e na vida de todos que a conheceram de perto e se banharam na luz de sua alma. Nosso sentimento de pesar à família e à congregação.
Hoje, a saudade já se antecipa e buscamos suas lições, seu rosto simpático, seu jeito de escutar e compreender. Mas, como na eternidade tudo está impresso, seguramente sua missão, bem cumprida, e todo bem praticado estão inscritos no coração de Deus.  E é lá, aos pés do Pai, envolvida no escapulário de Nossa Senhora do Carmo, plantando rosas com Santa Teresinha, que ela hoje usufrui as belezas do Reino: todo aquele que deixa pai, mãe e amigos, renuncia a si mesmo para seguir a Jesus, terá o cêntuplo nesta vida e mais a vida eterna.  


             

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Festa do livro


          Dia 19 de setembro próximo, será o lançamento de dois livros meus para o púbico infanto-juvenil:  “Mãe com mel” e  “Cadê o palhaço?”  Uma homenagem às vovós e um mimo para os netinhos.
          Em ocasiões assim, tenho feito festa. Por vários motivos. Primeiramente, porque o livro merece. Não, necessariamente, o meu livro, mas o livro como veículo de conhecimento e prazer. Por sua importância na formação de crianças e jovens, penso ser justo festejar sua chegada e desejar que ele provoque encantamento e prazer.  Outro motivo para festas é que um espetáculo de arte, como sempre acontece em meus lançamentos, leva cultura,  beleza e aguça a sensibilidade.  E, por fim, é sempre agradável reunir amigos em torno de momentos bons.  Neste mundo de hoje, tão cheio de violência e lidas, nada melhor que inventar maneiras de celebrar e bendizer  o riso e a vida. Na verdade, o que se deseja é ver as crianças envolvidas com o livro. E, para se formar o hábito de leitura, vale a pena usar vários recursos  e empreender esforços.
          Convido as famílias, pois a criança sozinha, ou por si só, não costuma buscar o livro. Ela depende dos pais. Aliás, é na família que o gosto pelos livros começa e deve ser fomentado. É junto aos pais que os filhos presenciam os melhores exemplos.  Então, o apoio e a aprovação da família são o primeiro passo no incentivo à leitura e, consequentemente, ao crescimento do jovem leitor.
          Convido as escolas. Que passem o convite aos alunos com empenho.  A força do professor é primordial para que o aluno busque o livro e tenha vontade de ler.  A palavra do mestre e suas lições de vida, porque são plantadas com amor, ficam para sempre.  E, trabalhar a imagem da vovó, sua presença de ternura na família e sua importância nos dias de hoje, fazem parte de projetos de muitas escolas.
          O espetáculo será muito bonito! Artistas de casa e de fora darão seu recado no melhor estilo.  Escolas daqui participarão com números feitos com dedicação e graça.  De Belo Horizonte virá o balé Cristina Helena, uma das mais conceituadas academias de Minas Gerais.  Também, haverá roda de viola, poemas e palhaços.   Tudo para lembrar o carinho da vovó e festejar essa figura ímpar que mais parece mãe com mel.
          Convido todos para, juntos, vivenciarmos uma hora de homenagem e alegrias. Conto, mais uma vez, com minha terra, que nunca me negou a honra da essencial colaboração.


        

          

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Casa da gente


           As casas, edificadas para oferecer segurança e agasalho, mostram-se diferentes umas das outras. Há as que respiram a secura da terra, as que exalam o perfume das flores. Umas prolongam-se em varandas, outras miram o céu e se deixam beijar pelos ventos.  Muitas são caixas fechadas ao riso do sol, à brancura-prata dos luares.  Contrastando com os palácios das cabeças coroadas, existem os casebres cobertos de sapé com reboco e fogão a lenha.
Pequena, grande, simples, requintada. Não importa. A melhor casa do mundo – rica ou pobre – é a casa da gente. Um paraíso, cercado de paredes, que abriga, aconchega, confidencia, liberta.
Casa da gente é abraço de mãe a estender afagos, a dar boas-vindas sempre.  Cada canto canta um canto de paz.   É o único lugar  fechado onde se voa mais alto, onde se alcança os píncaros das lonjuras. Uma gaiola dourada onde o pássaro bebe a liberdade. Nela sonhamos, realizamos, viajamos aos mais longínquos espaços e alçamos, com ousadia, os mais arriscados voos. Como amiga preciosa, compartilha alegrias, tristezas, conquistas. Sem candongar nossas queixas, esconde-nos dos maus olhares, dos desafetos, até que possamos  sair  refeitos.  Sua sombra inspira canções, sacode medos, recupera doenças, celebra conquistas. É o remanso de sossegar a alma, os sentimentos, e permite que sejamos nós mesmos, sem artifícios ou formalidades, sem mostrar o que não somos.    
É o lugar de tirar os sapatos, desabotoar a roupa, desatar o nó da gravata, desapertar o cinto, sacudir a poeira, suspirar, reclamar, rir, gargalhar, repensar a vida, repartir a mesa sagrada da ceia de todos os dias.  Como um sacrário, faz a terra se encontrar com o céu no divino poder da oração: “Entra no teu quarto, fecha a tua porta, e lá estarei contigo.” Ensinou o Mestre sem casa que, por missão e sacrifício, não teve um lugar para recostar a cabeça.  
Casa de amigos, de mãe, de avó, de filho. Por melhor que seja a recepção e os agrados, nada se compara à casa onde tecemos o ninho.
Muitas vezes, no correr dos dias, a casa se torna um lugar comum. E só lhe avaliamos a grandeza, quando nos ausentamos dela.  Ao sair de viagem, por exemplo, a alegria nos invade. A expectativa de conhecer novos lugares, novos amigos, novos horizontes, enche-nos de entusiasmo.  Vamos visitando lugares, encantando-nos com as belezas, até que o coração aperta e, com o passar dos dias, dá uma vontade imensa de voltar. Aí, o pensamento busca pedaços de nós e costumes vividos. Lembramos nosso quarto, a sala de televisão, o sofá da leitura prazerosa, o livro de cabeceira e até a santinha ao lado da cama. Essa angústia amorosa chama-se saudade da casa da gente.  A alegria da saída torna-se menor do que a alegria da volta.  E, ao abrirmos a porta, a casa inteira nos recebe como o pai recebeu o filho pródigo do evangelho: “Venha! Tenho para você a melhor veste, um anel para os dedos e calçados para aos pés.”
            Lances da vida mostram-nos a importância da casa da gente. Pelas histórias da vida real, sabemos do frequente desabafo de doentes graves: “Doutor, meu maior desejo é voltar pra casa.” E quando voltam, não querem divertimentos, viagens ou passeios. Querem voltar e, simplesmente, ficar.  Também, os que moram em casa dos outros, sabem como é difícil estar sempre incomodando e se sentindo fora do lugar. Vivem momentos inacabados à espera de, um dia, ter o completo encontro com o próprio coração.
Andarilhos, sem casa, andam vagando, olhar cismadores e tristes. No entanto, os que se abrigam debaixo de pontes ou em qualquer cantinho, não querem sair, mesmo quando assistentes sociais desejam levá-los. Uns experimentam adaptar-se nas casas abrigadoras, mas acabam fugindo e voltando. Então, são acusados de ingratos, de pessoas que não sabem escolher o que é bom. Mas, por detrás, está o mistério de amar o cantinho que lhes é querido por aquietar a miséria. Mesmo ao relento, o precário lugarzinho escolhido é a casa deles.
            Lembrei-me de uma velha canção chamada Vingança. O autor, não conseguindo aceitar a recusa ou traição de seu grande amor, diz praguejando: “Você há de rolar como as pedras que rolam na estrada, sem ter nunca um cantinho de seu pra poder descansar.” Poeta sensível,  sabe que  a tristeza e o desalento tomam conta da alma de quem não tem um cantinho de seu.


domingo, 2 de agosto de 2015

Prêmio literário


A Academia Caratinguense de Letras – instituição a que pertenço – instituiu o prêmio Marilene Godinho de literatura. É uma homenagem que me honra e emociona por constituir um incentivo ao meu trabalho e pela finalidade do concurso.
Agradeço a deferência que me enaltece, mas faz-me pensar se realmente a  mereço.   O pensamento que me ocorre para justificar o elogio é levar em conta a bondade dos acadêmicos, considerar a importância e o objetivo do certame, mais a grandeza do gesto. Sabemos dos grandes benefícios advindos do fomento à literatura. Incentivar a leitura e a escrita é meta da família, da escola e da sociedade, pois ler e escrever levam ao conhecimento, em cuja bagagem estão o saber, a formação, a liberdade.
Iniciativa louvável. Os concursos literários não só revelam talentos, como suscitam nos concorrentes o desejo de continuar escrevendo.  Todo aquele que se aventura na escrita, acaba rendido à magia de revelar ideias e brincar com as mil possibilidades da palavra. É um jogo, uma fantasia, um colorido que aguçam a imaginação e cativam o espírito.  
Grandes escritores foram revelados em concursos literários. Muitos atestam o quanto foi bom participarem de prêmios de redação em sua escola ou em sua cidade, quando crianças ou jovens. A semente fica na terra fértil da imaginação e, mais cedo ou mais tarde, brota e floresce.
Sobre os jogos Pan Americanos de 2015, especialistas falam da grande importância das disputas escolares na formação de futuros atletas. Assim, também, acontece com as competições literárias. Num âmbito menor pode-se, com facilidade, vislumbrar e desenvolver o potencial de crianças e jovens.  E ao adquirir o gosto pela escrita, os benefícios se farão sentir para além do concurso. O binômio ler-escrever credencia qualquer pessoa na vida cotidiana e frente ao mercado de trabalho.
Agradeço a Academia Caratinguense de Letras por vincular meu nome a uma iniciativa que me é tão grata e preciosa.
Fico torcendo para que a participação seja grande, entusiasmada e enriquecedora. Caratinga, berço de artistas e escritores, não pode fugir à vocação. É possível que desse concurso saiam autores com talento para  empreender  altos voos. Os participantes verão como é bom escrever e colocar o coração no papel.


segunda-feira, 27 de julho de 2015

Papa Francisco

                                            
          Artigo que será publicado na revista da Academia de Letras de Teófilo Otoni.


     No atual contexto da humanidade,  poucas figuras no mundo resplandecem e  transmitem tanta paz quanto a figura do papa Francisco.
          Diante da renúncia inesperada e corajosa de Bento XVI e da crise de uma Igreja em desalento, fazia-se necessário o surgimento de um papa que se vestisse com as túnicas de Jesus Cristo, calçasse as sandálias toscas de um andarilho e repetisse os ensinamentos do humilde carpinteiro de Nazaré.
          Jorge Mário Bergoglio foi eleito no dia 13 de março de 2013 contrariando as apostas e especulações, fato a demonstrar a força do Espírito Santo – inspirador e condutor da Igreja – que sopra para onde quer, para onde é preciso e na hora precisa.   Sereno, com voz amável, chegou ao balcão do Vaticano, saudou o povo e logo depois disse: “Sou Jorge, não da Capadócia, mas do fim do mundo.” Pediu orações para si mesmo,  curvou-se num breve silêncio e  abençoou a multidão.  A partir daí, com simplicidade, humildade e generosa acolhida a todos, ele tem encantado o mundo e feito brilhar raios de  esperança e  paz . A cada dia,  gestos, palavras, conduta, atitudes foram revelando o seu perfil de enviado especial do Senhor. Causam admiração sua renúncia às comodidades e quebra de protocolos para chegar ao povo. A recusa dos carros oficiais, a escolha de deixar o palácio papal para morar em uma pequena casa, a cerimônia do lava-pés acontecida num instituto penal para menores, o distanciamento de qualquer ostentação, como o luxo dos mantos, das mitras enfeitadas e casulas bordadas a ouro.  Carregando uma cruz de prata no peito e usando sapatos gastos, desce do altar para beijar um enfermo ou dar atenção  aos que estão ao redor. Justifica ensinando “ que não devemos ter medo da bondade e da ternura”.
          Motivado pela recomendação do nosso Dom Cláudio Hummes para que não se esquecesse dos pobres, e movido pelo desejo de ter  “ uma Igreja pobre para os pobres”, escolheu o nome Francisco. Achado feliz que o identifica com a figura de São Francisco de Assis, santo que amou a pobreza e fez dos pobres seus irmãos mais amados. Essa escolha já aponta para um projeto de vida e estabelece um programa ao seu pontificado. Três pontos fundamentam os ensinamentos do santo de Assis: uma vida simples, atenção aos pobres e o cuidado com a natureza.
         Francisco é também jesuíta. Formado na espiritualidade de Santo Inácio de Loyola – o fundador – tem em vista a austeridade, a sobriedade e a vocação missionária: “ Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações.”   (Mt 28,19).   É também argentino ( do fim do mundo) e conhece de perto a extrema pobreza em  que vive grande parte da humanidade.  É um papa mariano. Com devoção,  rezou em Aparecida: “Maria, nossa Mãe, ajude-nos a conhecer sempre melhor a voz de Jesus e a segui-la, para andar no caminho da vida.”
          Suas próprias palavras resumem o que deseja de seu pontificado: “A Igreja  é chamada a sair de si própria para ir até as periferias, não apenas geográficas, mas também as periferias existenciais: as dos pecadores, dos  que sofrem, dos injustiçados, dos ignorantes.” Ele deseja uma volta às fontes puras do evangelho que apontam para uma Igreja mais aberta e voltada para o mundo. Ele deseja uma Igreja Samaritana.
          Um fato significativo ocorre quanto o papa, ao se referir a Pedro, do qual é sucessor, não busca o texto de Mateus 16,18 (tu és pedra), mas o final do evangelho de João: “Cuide de minhas ovelhas”. Parece privilegiar mais o cuidado com as ovelhas do que sua posição de líder.
          As atitudes do papa Francisco,  muitas vezes, lembram os gestos misericordiosos de Jesus Cristo pregando , curando, amando,      perdoando prostitutas, comendo com pecadores públicos e dizendo :  “Os sãos não precisam de médico, mas os enfermos; não vim chamar os justos, mas os pecadores” ( Mc 2- 17)  Então, recordo o que o papa disse sobre os homossexuais: “ Se alguém procura Deus com boa vontade, quem sou eu para julgá-lo?     A respeito dos casais em segunda união,  pontificou: “Não podemos condená-los, é preciso caminhar com eles. Quando o amor fracassa, devemos sentir a dor desse fracasso.”  Ainda aponta as várias formas de essas pessoas contribuírem  com a Igreja e participarem dela.
          Com o papa Francisco, antevemos que a crise da Igreja pode ser vista, não como uma  tragédia, mas como um novo começo. Da crise mais profunda pode surgir o novo pela graça do Espírito Santo que conduz os seguidores de Jesus Cristo na história: “Estarei convosco todos os dias até o final do mundo” (Mt 28,20).  O sumo pontífice lançou-se destemido na promoção da reforma de uma Igreja animada em suas bases, com institutos e congregações vibrantes, movimentos e comunidades laboriosas, mas com segmentos da cúpula clerical  abalados por escândalos e corrupção.  O Bispo de Roma deseja retomar as diretrizes  propostas pelo Concílio Vaticano II, que ficaram a meio caminho. Convocado pelo papa bom João XXIII, o Concílio  pretendia abrir as portas da Igreja ao sopro de uma renovação profunda. No entanto, encontrou  entraves por parte dos apegados a tradições com traços fundamentalistas, e por motivos outros.  O papa Francisco sabe que as águas são revoltas, mas confia em que se se afogar, o Mestre o socorrerá. E pontuou: “Ter fé não é estar livre de sofrimentos, mas é saber que em qualquer situação, Jesus está conosco.” 
          Por tudo quanto já conquistou e vem semeando com sucesso, poderá elevar ao céu a prece atribuída ao santo que lhe empresta o nome:  Senhor, fazei-me um instrumento de vossa paz.”  E nós, fiéis, rezamos juntos:  Agradecemos, Senhor, por nos ter dado um papa, que é instrumento de vossa paz!

                   

Academia Caratinguense de Letras lança I Prêmio “Marilene Godinho” de Literatura


CARATINGA – Imago animi sermo est. A palavra é a imagem da alma. Seguindo a tradição do slogan que ilustra o emblema de sua criação, a Academia Caratinguense de Letras (ACL) está com as inscrições abertas para o I Prêmio “Marilene Godinho” de Literatura: Poesias, Contos e Crônicas, que tem como objetivo estimular a produção literária entre a comunidade estudantil.
Para a acadêmica Dora do Valle Bomfim, “o evento conta com apoio da ACL e do Centro Universitário de Caratinga (UNEC), sendo uma oportunidade importante de descobrir novos talentos da literatura local e, ao mesmo tempo, trazer a cultura para o centro das atenções da sociedade”.
O concurso é aberto a todos os níveis de ensino – do Fundamental ao Universitário -, buscando incentivar a cultura. As melhores obras nas categorias poesia, conto e crônica serão premiadas e farão parte do próximo lançamento de mais um volume da série “Além da Palavra”, que recebe o incentivo da Funec Editora, mantida pela Fundação Educacional de Caratinga.
Professor Eugênio, Dora Bomfim e Monir Saygli acadêmicos que estão promovendo o concurso“Os três primeiros colocados de cada categoria receberão medalhas, certificados, uma coletânea completa e suas obras serão inseridas no lançamento do próximo volume da série “Além da Palavra”, que está marcado para o início do ano letivo de 2016, em fevereiro”, anuncia o também acadêmico, Eugênio Maria Gomes.
Em recente sessão, a ACL elegeu por unanimidade como seu patrono oficial o professor Celso Simões Caldeira, considerado um baluarte da educação no município – ele foi um dos fundadores da Funec.
“O professor Celso deve ser sempre lembrado por seu empenho à educação, pelo seu domínio da área do conhecimento, mas principalmente pela humildade com que encarava a vida. Era um homem extraordinário, um chefe de família exemplar e um educador de primeiríssima qualidade”, destacou o presidente da ACL, Monir Ali Saygli.
Professor Celso Simões Caldeira patrono da Academia Caratinguense de Letras de Caratinga
Professor Celso Simões Caldeira: patrono da Academia Caratinguense de Letras de Caratinga (foto: Arquivo)

terça-feira, 14 de julho de 2015

Marilene Godinho em Dom Modesto

       A convite da secretária de Desenvolvimento Social, Márcia Ferreira da Silva, Marilene Godinho esteve em Dom Modesto fazendo parte da oficina de arte e cultura. Estiveram presentes a secretária de ação social Lívia Fernandes, crianças e toda comunidade. Marilene contou histórias e cantou sob o aplauso de todos.








quarta-feira, 3 de junho de 2015

Marilene Godinho na Academia de Letras de Teófilo Otoni

     Relembrando minha posse na Academia de Letras de Teófilo Otoni, transcrevo meu discurso proferido naquela oportunidade.


Discurso proferido na Academia de Letras de Teófilo Otoni
30 de maio de 2015

Meus amigos,
É com o coração descompassado e, como disse um amigo lá da roça, coração batendo fora do pique, que hoje tomo posse na Academia de Letras de Teófilo Otoni. O coração vibra diferente, movido pela emoção quando vejo meu trabalho reconhecido pelos membros de uma Entidade que pratica e reconhece a palavra literária como objeto  capaz de nos inaugurar no mundo como presença criadora. Num país em que se faz fundamental a formação de mais leitores, por desejarmos uma sociedade mais crítica, mais inventiva e ágil, a Academia se apresenta como um lugar indispensável para a promoção cultural e política de uma sociedade por meio da leitura.
O texto literário nos fala e nos escuta. Ler é refletir-se  no lago das páginas. O fenômeno literário  acontece quando escritor e leitor se juntam numa conversa subjetiva, para construírem  uma terceira obra que jamais será editada. Autor e leitor se abraçam silenciosamente amados. A literatura nos dá voz e  abre a todos a oportunidade de criar.  Impelidos pela aptidão inata  e  por bons textos, pode-se, também, escrever. E a fonte interior de onde brota a inspiração é como água de mina, quanto mais  se tira, mais se tem. E de tanto escrever, consegue-se burilar a palavra, pois o importante não é só a escrita de uma aventura, mas aventura de uma escrita.
Literatura é a arte da palavra,  o culto à palavra compromissada com o Belo.   Palavra – dádiva de Deus, selo do Espírito Santo. A palavra é um endereçamento, uma forma de criar laços. Por ser tão importante, ela pode servir  a muitos fins. Tanto pode construir como destruir.  Talvez por isso o Mestre dos Mestres tenha dito: “ o que mancha o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai dela.”  Na vida de cada um de nós, quantas palavras já nos feriram e quantas já nos alentaram. O grande escritor Bartolomeu de Queiroz  pontuou: “Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o bastante para uma palavra me ressuscitar.” Depende da intenção de quem a usa. Lembrar sempre: depois de falada, a palavra já não nos pertence mais, vai com o vento por onde o  vento levar.  
 Mas deixo de lado os devaneios, não quero desviar do descompasso de meu coração.  Não há satisfação maior para um autor de textos que ser aceito como elemento de uma Casa que convive permanentemente com a escrita e com a leitura.  Vou me enriquecer no convívio com pessoas que prezam os conteúdos os quais persigo.  Não sei se mereço estar aqui. Sou, apenas, uma contadora de histórias que não quer perder o sabor de ser criança. A quem devo agradecer?  Agradeço a deferência desta Instituição e  a muitos que acompanharam com carinho a minha lida.  Primeiramente, agradecimentos  a Deus, pela vida, pelo entusiasmo . À  Mãe de Deus,  pelo agasalho  sob  seu manto de luz. Depois, à minha família. Tive pais maravilhosos que me permitiram ser uma menina vibrante a brincar, a fazer estripulias. Pude  nos teatrinhos de infância exercitar a  criatividade e, nos  circos armados perto de casa,  fazer parte do respeitável  público com o coração em festa. Tanto gostava dos palhaços, que um dia quis até fugir de casa para acompanhar o circo.  Tive tanto chão onde plantar minhas fantasias, que me considero uma adulta realizada  por ter podido abraçar  sonhos e ilusões.  O Colégio do Carmo,  que me proporcionou viver uma das quadras mais felizes de minha vida,  foi um templo   onde  rezei as ladainhas da amizade com as Irmãs e colegas que souberam me cativar e ocupam, até hoje, um espaço imenso dentro de mim.   Nunca pensei em publicar nada, embora gostasse, desde cedo, de escrever histórias e compor músicas. Quando resolvi  lançar meus livrinhos, tive ao lado meu irmão Cléber. Meu amigo Humberto Luiz. Sem medir esforços, projetou-me. Tão companheiro que , desde o primeiro lançamento  esteve, e está até hoje, do meu lado como anjo bom. Agradecer é preciso ao  meu primeiro editor André Carvalho. Ele acreditou em mim e me soprou junto com o balão azul – minha primeira obra – e  desejou meu encontro com  as estrelas. Agradecer a  Caratinga e aos  amigos preciosos.    De  forma especial, às crianças que, nas salas de aula,  permitiram-me  sondar a pureza e espontaneidade de sua alma e, assim,  encantar-me com a linguagem e sensibilidade infantis. A partir daí,  só pude deslizar a pena compondo barquinhos de papel e cirandas e  pipas  buscando a simplicidade e o colorido  do mundo mágico dos pequeninos.   Agradecer  às diretoras de escolas e professoras. Elas fizeram meus livros serem  amados.  Elas entenderam meu trabalho de bandeirante e ajudaram-me a empunhar a bandeira dos que rasgam caminhos novos e desconhecidos.  Além das crianças-alunas,  às crianças-leitoras que, ao gostarem de meus contos,  impeliram-me a  escrever mais e mais. Finalmente, dedico a meus filhos e netos esta conquista por serem minha inspiração maior.
 Ah! As crianças, meu público alvo. Por elas,  deixo-lhes um apelo, que certamente já faz parte do trabalho dos acadêmicos,  para que ajudemos os pequenos  na formação do hábito de leitura. Pelo fato de o gosto pela leitura não nascer com o indivíduo, não  é preciso trabalhar para que ele se estabeleça.   E, na criança,  esse hábito  só acontece   pelo prazer.  Portanto, desde cedo, é interessante colocar livros na mão das crianças. Nesse aspecto, a família exerce papel importante por ser o primeiro alimento, o primeiro ensinamento e o laboratório onde se formam  costumes e hábitos.  E mais: A criança feliz  será, quase sempre , um adulto feliz. Escritores e pessoas envolvidas com a literatura desde crianças, atestam  que o livro ajudou a construir a felicidade de sua infância. Mesmo quando não sabem ler, é bom que as crianças manuseiem livros, brinquem com eles, façam uma pseudoleitura com a ajuda de um adulto e inventem histórias olhando as gravuras.  
 Um caminho que atrai a criança para a leitura é a poesia. Ela não pode faltar, pelo  encantamento que desperta.  Hoje ela é  ferramenta indispensável para fins pedagógicos.  A criança é lúdica, portanto o jogo de palavras,  ritmo e rimas são condizentes com a  alma infantil. Sem contar o lirismo e o mundo fantástico que habitam nela. A criança consegue com imensa facilidade tirar um elefante da cartola, pegar a palavra  “namoradinho” e sair com ela de mãos dadas e ficar adivinhando luas. E até para nós, adultos, a poesia é bálsamo. Ela tem o condão de nos fazer melhores e mais prontos para amar e compreender e perdoar os outros. Psicólogos e pedagogos  atestam a existência da sublimidade que nos acolhe quando mergulhamos em achados poéticos. E a  poesia  descobre quem gosta de escrever, por isso quem escreve,  sempre gosta de poetar. E a função do poeta é ousar, é derrubar muros para ver o que há atrás.
  As Academias de Letras, além de se empenhar pela literatura, assentam-se, também, no  convívio harmonioso entre os acadêmicos. As virtudes de cada um fortalecem os ideais e  motivam os encontros e reuniões.  Lembrar que a  vida é uma viagem e que nossa permanência numa  Academia de Letras é parte desse navegar. O mais importante do que fazer uma boa viagem, é saber se estamos  sendo bons companheiros de viagem. Há de se privilegiar  o companheirismo, a solidariedade e o amor.  Relacionar-se  com a finalidade de crescer é  acrescentar um elemento nosso na obra de todos. Viver não é só nascer e morrer. Acima de tudo, é viver  o intervalo entre esses dois extremos,  aproveitando  bem essa migalha de tempo.    Cada instituição tem o perfil dos que a compõem. Como  nos alerta o desembargador e escritor Dr. José Fernandes Filho: “ as instituições são como os homens que as dirigem: grandes ou pequenas como eles. Catedrais  apontam para o infinito tomadas da ambição de servir. Túmulos, pés de chumbo, presos ao chão, são incapazes de andar ou olhar nos olhos.”  
É com o coração batendo ainda em descompasso que agradeço a honra de ter um lugar nesta Academia de Letras, mesmo como sócio correspondente, e me inundar no convívio com valores humanos que me farão bendizer e confirmar  a vida como  sendo a arte do encontro. Vejam.   A Hilda, que sendo multiartista  vai me deslumbrar com seus dons. O Leuson cuja criatividade para reciclar materiais, com certeza com o passar dos anos, ele vai me reciclar, também, deixando-me  novinha em folha. A Neusa e o Antônio Jorge, sempre disponíveis, vão me ensinar a ter o coração  aberto a todos e a todo bem. Marlene, leitora assídua, dividirá comigo o conhecimento que somente os livros podem dar: conhecimento de mundo e de mim mesma. O Marcos Miguel, empolgado com as Letras, vai inventar neologismos e palavras bonitas  para eu esparramar nos passos de todos que cruzarem a minha estrada. José Geraldo, apreciador do campo, amarrou a égua num toco muito grosso do sertão, e vai saborear comigo a rapadura fervendo no tacho e plantar em mim a simplicidade da fala matuta tão cheia de verdades. O João Batista  ama poesia , sabe recitar poemas de encurtar caminhos  e vai puxar para o alto as cordas do coração.  A Amenaide é adepta da praticidade e vai me mostrar o essencial, pois o mundo de hoje não mais se rende a rebuscamentos desnecessários. José Salvador é perfeccionista e  me ajudará  a ver a sutileza dos  detalhes em busca de fazeres perfeitos.  O Antônio Sérgio  aprecia a espontaneidade dos versos da cultura popular, esses versos que sabem provar que Minas Gerais são muitas. O Wilson, eu o  quero sempre por perto para, na teia do misticismo, benzer e predizer coisas boas para meu futuro.  O Leônidas com sua sensatez e alma de pesquisador,  saberá me colocar no prumo  toda vez que  eu sair do sério com meus “causos” que têm sempre uma maldadezinha. Elisa Augusta é imprescindível , por ser descentralizadora, por saber delegar e dar oportunidade de comando a todos. O José Carlos com seu jeito metódico, conseguirá me  disciplinar quando a fantasia passar da conta. E o Lleweelyn  Davies Antônio Medina – magistrado, formal, justo, mas- dizem-  nos momentos do dia a dia, deixa escapar as ternuras do coração.  O Sérgio Abrahão tem a inquietude do jornalista:  está a par de todos os acontecimentos, mas  não se esquece da ética que anda brigando com a liberdade de expressão; esse direito, nos dias de hoje, tem se distanciado do respeito. Não posso me esquecer do Eduardo Amorim que, mesmo sem ser acadêmico, entrega-se de corpo e alma para o crescimento desta Casa de Letras. O  OIegário  é artista popular e tem seu talento enroscado no cordel, nas cantorias dos que nascem poetas.  Escuta aí, Olegário: “ Essa palavra saudade| conheço desde criança| Saudade de amor ausente| não é saudade, é lembrança| saudade só é saudade| quando morre a esperança.” “  Quem quiser plantar saudade| primeiro escalde a semente| plante num lugar bem seco| onde o sol bate mais quente| que se plantar no molhado| quando nascer mata a gente.”      E o Wilson Colares?  É um dos baluartes desta Academia e faz dela um depositário de sua luta mais nobre e constante. Alguns outros não mencionei porque meu anjo da guarda candongueiro voou entre as nuvens.
Neste instante, cumprimento a Kátia Storck Moutinho , que adentra esta Casa da maneira mais bonita de chegar: trazendo um livro em cujas páginas poderemos conhecer  seu espaço de dentro. Cumprimento o Marrippe. Um pouco nosso irmão por ter vivido algum tempo entre nós, caratinguenses, e nos ter brindado com  a arte de suas mãos  e com o afeto que, ainda hoje, compõe lembranças e admiração.
Permitam-me agora deixar meu coração derramar-se em preces de contentamento e orgulho por ter oportunidade de,  mais uma vez, fazer parte de uma Academia de Letras ao lado de meu querido amigo Eugênio Maria Gomes.  Sendo ele o mago da palavra boa, consegue, não só levar  mensagens de incentivo e de elogios às pessoas, como sabe apresentar um texto enxuto, elaborado com estilo elegante  e linguagem  impecável.   Sua vasta produção literária, revela  um bom escritor, um fazedor de prosa poética,  um lúcido formador de opinião.  Sua sensibilidade para captar os fatos da vida cotidiana e para perscrutar a alma humana,  envolve os leitores que acabam se rendendo à  forma simples e verdadeira de dizer as coisas. Inteligente, dinâmico e bem humorado é um trunfo da Terra das Palmeiras  e um amigo que sabe dividir , sem egoísmo, o próprio coração.
 Enfim, meus queridos, agora companheiros, minha profunda admiração por essa Academia que ora me acolhe. Instituição ativa, fecunda, que tem cumprido os objetivos de uma Casa das Letras, quais sejam o de fomentar a literatura, zelar pelo idioma pátrio e promover cultura e arte. E mais: as Academias  são o espaço propício ao sonho porque ele  é o início de toda realização.  Sonhar alto, mesmo quando o sonho é só  um sonho,  vale a pena sonhar. Mário Quintana nos presenteia com este verso: “Se as coisas são inatingíveis...ora! Não é motivo para não querê-las... Que triste os caminhos, se não fora, a presença distante das estrelas!
Finalizando, agradeço aos amigos de Caratinga.  Os que ficaram e os que vieram.  Aqui estão amigos que fazem parte de minha história e, pelo tempo de trocas, acertos e amabilidades, tenho uma dívida impagável com eles.  Agradeço à acadêmica Lígia dos Reis Matos por nos saudar com palavras tão bonitas e eloquentes. Vindas de você, Liginha, só se pode esperar o que transborda em seu coração: generosidade. E, nas entrelinhas, saboreamos  a poesia doce  que seu dom sabe tecer.   
Embora eu seja sócio correspondente, pretendo estar aqui mais vezes. Espero contribuir de alguma forma com o crescimento da Academia. Vou procurar plantar sementes em terra perfumada, fazer como Yeda  Prates Bernis sugere:   “Enterrei meu canarinho  junto à roseira. Agora, a primeira  rosa vai amanhecer cantando.”
Tenho dito