No dia 24/10/2014, a escritora Marilene Godinho - a convite das professoras do CRAS - contou histórias para as crianças numa tarde muito divertida. Recebeu homenagem das crianças, que participaram com muito entusiasmo desse momento de cultura.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
18º Curso de Lente de Contato Cleber Godinho
Para fachamento do encontro, Marilene Godinho proferiu palestra para 250 médicos oftalmologistas com o tema "A arte de conviver". Dia 15/10/2014
sábado, 15 de novembro de 2014
Manoel de Barros
Morre Manoel Wenceslau Leite de Barros, um
dos mais originais poetas brasileiros.
Nasceu em Cuiabá, Mato Grosso do Sul, no dia 19 de dezembro de 1916.
Tinha um ano de idade quando o pai decidiu
fundar uma fazenda com a família no Pantanal onde construiu rancho, cercou
terras, amansou gado selvagem. Neguinho,
como era chamado pela família, cresceu brincando no terreiro em frente à casa,
pé no chão, entre os currais e as coisas “desinteressantes” que marcariam para
sempre sua obra. Contou: “ali o que eu tinha era ver movimentos, atrapalhação
das formigas, caramujos, lagartixa. Era o apogeu do chão e do pequeno.”
Continuava falando do lugar que lhe deu inspiração: “passava os dias ali,
quieto no meio das coisas miúdas. E me encantei.”
Graduou-se em Direito. Frequentou as escolas
de Campo Grande. E, no Rio de Janeiro, quando cursava o internato São José na
Tijuca, descobriu os sermões de Padre Antônio Vieira com quem aprendeu a
“beleza da sintaxe.” Os dez anos de internato lhe ensinaram a disciplina e, na
leitura dos clássicos, aprendeu a rebeldia da escrita.
O sentido de liberdade veio com a leitura do
livro de Arthur Rimbaud, logo que deixou o colégio. Leu Marx e entrou para a
juventude comunista. É interessante saber que seu primeiro livro, aos 18 anos,
não foi publicado, mas salvou-o da prisão. Ele havia pichado “Viva o comunismo”
numa estátua, e a polícia foi buscá-lo na pensão onde morava. A dona da pensão
pediu para não levar o menino que havia até escrito um livro. O policial pediu
para ver, e leu o título: “Nossa Senhora de minha escuridão.” Deixou o menino e
levou a brochura, o único exemplar que o poeta perdeu para ganhar a
liberdade. Depois, desiludido com a atitude de Luiz Carlos Prestes, ele contou: “Quando escutei o
discurso de Prestes apoiando Getúlio que havia entregue sua mulher, Olga
Benário, aos nazistas, não aguentei: sentei na calçada e chorei. Saí andando
sem rumo, desconsolado. Rompi com o partido e fui para o Pantanal.”
Com
passagens por Bolívia e Peru, morou também em Nova York por um ano onde
frequentou os cursos de cinema e pintura. Voltando ao Brasil, conheceu a
mineira Stella e se casaram logo. Tiveram filhos e netos.
Sua reclusão em terras pantaneiras e a
timidez dificultaram a divulgação de sua obra.
Sobre seu isolamento disse: “Não tenho boa convivência com a glória.
Acho que ela me perturbaria. Preciso muito do escuro”. Completou: “Sou recluso
por minha culpa mesmo. Sou muito orgulhoso, nunca procurei ninguém, nem
frequentei rodas, nem mando bilhete. Uma vez pedi emprego a Carlos Drummond de
Andrade no Ministério da Educação, e ele anotou meu nome. Estou esperando até
hoje.” No entanto, em 1980 Millôr
Fernandes e Antônio Houaiss começaram a divulgar seus versos ou citá-los em
jornais. Depois de descoberto por
referências de amigos e pelos concursos literários, sua obra eclodiu. É o poeta
que mais vende livros no Brasil. Publicou mais de trinta obras; algumas
traduzidas para outros idiomas.
Alguns títulos: Poemas concebidos sem pecado|
Face imóvel |Gramática expositiva do chão| Matéria de poesia| Compêndio para uso dos pássaros| Arranjos
para assobio| Livro de pré-coisas| O guardador das águas| Concerto a céu aberto
para solos de aves| O livro das ignorãças| Retrato do artista quando coisa| O
fazedor de amanhecer| “ O livro sobre nada” é sua obra mais conhecida.
Conquistou
duas vezes o prêmio Jabuti e outros importantes concursos do país, incluindo o
da Academia Brasileira de Letras e Cecília Meireles.
Guimarães Rosa comparou seus versos a um doce
de coco. Carlos Drummond disse ser ele o maior poeta brasileiro vivo. Pascoal
Soto, diretor editorial da Leya e amigo do poeta o descreveu: “ Manoel era
único, original, é o poeta dos restos, ele fazia poesia com cacos de vidro, com
feixes de rio, com tudo que era desprezado, com tudo que era lixo. Era o poeta
dos andarilhos, dos mendigos, daquilo que é rejeitado. O poeta daquilo que a
gente não lembra. Aquilo que era senso comum não tinha vez na poesia dele. E
era um homem amigo, extremamente carinhoso, de uma generosidade tremenda. Era
incrível, bem humorado, sorriso fácil. Grande sujeito.”
Poeta o tempo inteiro, seus versos são
carregados da natureza com a qual se envolveu de corpo e alma: “Eu queria
crescer para passarinho.” Mais adiante: “Quando as aves falam com as
pedras e as rãs com as águas – é de poesia que estão falando.” Mostrando que o poeta não tem compromisso
com a verdade, mas com a verossimilhança, escreveu: “A quinze metros do
arco-íris, o sol é cheiroso.” Quem poderá desmentir? Resta ao leitor imaginar e
visitar o outro lado das estrelas.
Ao ler Manuel de Barros, a gente se encanta
logo, mas não consegue definir sua poesia. Todos os elogios são válidos, mas
não são suficientes, falta sempre alguma expressão definitiva. Como a música e
o amor, Manuel de Barros é estado de graça indefinível. Por isso seu lugar
estará sempre vazio, e sua obra emocionando sempre.
Se “poesia é voar fora das asas”, ele está
hoje em estado de céu poetando além das
palavras. Para nos despedirmos dele,
só mesmo roubando um tico de seu
talento: “Pensar que a gente cessa é íngreme. Minha alegria ficou sem voz”.
domingo, 19 de outubro de 2014
Aécio Neves
Aécio Neves é a
certeza da mudança desejada pelo Brasil. Ele reúne virtudes pessoais,
qualidades de bom administrador, propostas arrojadas, argumentos coerentes que
se agigantam na linguagem clara, fluente, objetiva. Aponta rumos com a
convicção de quem já governou com acertos.
Nascido em berço de tradicional
família mineira, é neto do saudoso Tancredo Neves – homem público que deixou
grandioso legado à nação. Honradez, luta pela democracia e realizações são
realidades que, desde cedo, Aécio vivenciou.
Conheceu, assim, uma política voltada para o bem comum porque
direcionada para a felicidade do povo. Uma das páginas mais brilhantes da história
contemporânea do Brasil foi escrita aos olhos do jovem Aécio, que sempre esteve
ao lado do avô, a quem dedica profunda admiração. Acompanhou de perto como se
faz política – no entendimento real do termo – como se respeita os cidadãos e
como se demonstra amor à pátria em detrimento da própria vida. O avô materno Tancredo Neves, o avô paterno
Tristão da Cunha, o pai Aécio Cunha são sua inspiração por terem sido figuras
exemplares na vida política e no correr do dia a dia. Sua mãe Inês Maria e a avó dona Risoleta
Neves ensinaram-lhe carinho e fé, completando com o companheirismo e a amizade
da irmã Andreia Neves. Sabendo-se que o lar harmonioso é o mais seguro chão do
ser humano e o laboratório onde o exemplo e as advertências são assimiladas
para a vida toda, entendemos que valores familiares forjaram seu íntegro
caráter.
Aécio galgou postos importantes e
deixou o governo de Minas Gerais com 92% de aprovação. Agora, preparado e
banhado de entusiasmo, candidata-se a presidente do país.
A elegante postura, concordante com a
maneira educada de se conduzir, completa-se no olhar seguro, no riso simpático
a amenizar o tom de voz pontual e indignado diante das difamações. Nas propagandas políticas, entrevistas e nos
debates, ele demonstra conhecer todas as áreas de atuação de um presidente. Com
segurança, discorre sobre todos os assuntos e problemas inqueridos. Explica com
a desenvoltura de quem sabe o que está dizendo, e com a sabedoria de um pensador atento. A agudeza
de raciocínio, a sequência lógica das ideias, a plataforma de seu governo
atestam o brilhantismo de sua inteligência e a grandeza de seus propósitos. Sem
improvisos confusos ou reticências, grita a ousadia dos jovens quando perseguem
horizontes.
Como bom mineiro, é afeito mais à paz
do que à guerra. Iniciou as exposições
de modo tranquilo. No entanto, viu-se obrigado a se defender. A adversária
exala o ranço dos antigos coronéis da política, segundo o qual “amigo não tem
defeito; inimigo, se não tem, a gente põe.”
Na falta de grandes deslizes de Aécio, a adversária recorre a miudezas
que nada significam diante da corrupção, mensalões, irregularidades na
Petrobras e falcatruas de seu governo. Basta lembrar a acusação de nepotismo baseada no fato de a irmã de Aécio ter ocupado cargo público, nomeada por ele. Na verdade, ela foi presidente do Servas –
entidade filantrópica, sem fins lucrativos, cujo comando é exercido sempre pela
mulher do governador. Como Aécio não era casado, colocou a irmã, que desenvolveu
eficiente atividade, promovendo campanhas meritórias e exitosas. Ao ouvir tal
disparate, então, foi obrigado a lembrar a irregularidade no caso do irmão da
presidente, que ocupou cargo público no governo de Pimentel, ganhava salário
alto e não aparecia no trabalho. No momento, ele fez até um trocadilho jocoso:
“Minha irmã trabalhou muito e não ganhou nada, e seu irmão ganhou muito e não
trabalhou nada.”
A reação dele foi por não estar conivente com a mentira e para deixar
aflorar o sangue mineiro que justifica o dito popular: “Mineiro dá um boi para
não entrar na briga, e a boiada para não sair.” E tem mais: O jornal Estado de Minas acaba de
publicar que o ex-marido de Dilma foi nomeado por Pimentel em 2005 com salário
que hoje seria de 13,5 mil. Pensando
bem, deve ser para não vir à tona suas ações incorretas, que ela quis tirar a
autoridade do Ministério Público nas investigações. Quem não deve não teme...
A presidente costuma alardear o caso
do aeroporto, que é obra arquivada por não ter embasamento provando a
gravidade. Esqueceu-se de que Aécio construiu mais de 90 aeroportos em Minas
Gerais. É atacado por ter feito obras. Picuinhas como essas e outras se juntam à
acusação frágil de que ele tenha dirigido com a carteira de motorista vencida.
Com nobreza de sentimentos, Aécio humildemente reconheceu a falta e pediu
desculpas.
O
remédio é deixar que ela se esconda atrás do bolsa família – iniciativa do
governo FH – e do Mais Médicos – programa que privilegia estrangeiros com
desigualdade de condições para os cubanos, obrigados a mandar grande parte do
salário para o governo Fidel. Há outros agrados aos irmãos Castro – simpatizante
que é do governo de opressão e de acinte à liberdade – como o porto de Mariel e
o descaso pela Embrapa, a maior empresa em pesquisa agropecuária do mundo.
Aécio valente! É o protótipo da
coragem e do soerguimento. Frente ao desânimo de todos, da crescente candidatura
de Marina Silva e do desencanto dos próprios correligionários, ele acreditou e
não se rendeu ao toque de retirada.
Merece a vitória! Sua atitude de acreditar sempre é um espelho para
todos nós na caminhada da vida. É o jeito mineiro de agir e lutar. A chama de
Juscelino e de Tancredo brilha dentro dele.
Mesmo diante de tantas agressões
mentirosas, nosso Aécio está se fazendo entender. “Pedras atiradas contra o céu
tornam–se estrelas”. E é isso
que tem acontecido. O povo desejoso da verdade
e já maduro em suas reivindicações, tem feito de cada ataque um motivo de
reflexão e luz.
Há tempo de salvar o Brasil. É só
votar 45 e deixar o grande timoneiro dirigir o barco.
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Gabriel García Márquez
Morre
o grande escritor colombiano Gabriel García Márquez. Nascido em Aracataca em 06
de abril de 1928, é um dos escritores
mais admirados e traduzidos do mundo, considerado, também, um dos escritores
mais importantes do século XX. Vendeu mais de 50 milhões de exemplares
traduzidos em 36 idiomas.
Escritor,
jornalista, editor e ativista político, era conhecido como Gabo. Estudou
Direito e Ciências Políticas, mas abandonou os estudos para se dedicar ao
jornalismo.
Criado
pelos avós maternos, que exerceram grande influência sobre suas obras, ouvia deles histórias fantásticas de magia e
encantamento. Morrendo-lhe os avós, foi morar com os pais aos oito anos de
idade. Casado com Mercedes Barcha Pardo
desde 1958, tiveram dois filhos, Rodrigo e Gonzalo.
Ganhador
de muitas condecorações literárias, foi agraciado com o prêmio Nobel de
Literatura em 1982 pelo conjunto de sua obra.
Tendo vasta criação literária, destacam-se: Cem anos de solidão, O amor
nos tempos do cólera, O outono do patriarca, Memórias de minhas putas tristes,
Relato de um náufrago, Crônica de uma morte anunciada, A incrível e triste história de Cândida Eréndira
e sua avó desalmada, O autobiográfico Viver para contar.
Passou
a juventude lendo. A obra “Metamorfose” de Franz Kafta impressionou-o muito e, após a leitura do
livro em que a personagem se transforma em um inseto, ele disse: “Então, é
possível escrever histórias tão diferentes e surreais.” A partir daí, perseguiu
as narrativas que o tornaram notável.
É
representante máximo do realismo fantástico, também denominado realismo mágico
ou realismo maravilhoso. O livro “Cem anos de solidão” é considerado ao lado de
Dom Quixote de Miguel de Cervantes, um dos livros mais importantes da
literatura espanhola. O estilo que o
consagrou é povoado de elementos mágicos que não possuem nenhuma explicação
para existirem. Um personagem pode acontecer no futuro e se repetir no
presente. Por ser mágicos, os fatos são surreais, mas vistos pelos personagens
como fatos normais e convencionais. Intuição e previsões surgem como dons
próprios dos seres humanos. Criar situações impossíveis foi a tônica de sua
mente criadora.
Falou
de si mesmo de forma divertida: “Sou escritor por causa da timidez. Minha
verdadeira vocação é ser mágico, mas fico tão encabulado tentando fazer os
truques, que tive de me refugiar na solidão da literatura.”
Sua
morte repercutiu no mundo inteiro. Escritores, jornalistas, chefes de Estado,
pessoas do povo. Todos sentiram seu desaparecimento. Isabel Allende, escritora
chilena, disse que ele é o escritor mais importante da América Latina, a voz do
realismo mágico e o pilar da explosão da literatura latino-americana. Mia Couto, escritor moçambicano falou: “Sua
obra se coloca acima da vida, por isso ele não morreu”. A presidente Dilma
Rousseff manifestou-se: “ Gabo conduzia
o leitor pelas ruas de Macondes imaginária como quem apresenta um mundo novo a uma criança.”
Ele
partiu, mas deixou-nos o melhor de sua vida: livros eternos e preciosos.
Fiquemos com a dádiva de suas histórias e com a sabedoria de sua palavra:
“Aprendi que todo mundo quer viver no topo da montanha, sem saber que a
verdadeira felicidade está na forma com ela é escalada”. Diante da lástima de perdê-lo, repetimos um
de seus pensamentos: “Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu.”
sexta-feira, 11 de abril de 2014
Jesus, ontem e hoje
Com
devoção e esperança, a Igreja recorda a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus,
por meio das quais Ele salvou a humanidade de seus pecados.
Voltemos
ao tempo de Jesus e lembremos sua morte motivada pelos poderosos e governantes que
não aceitaram a pregação do Mestre. Sua doutrina representava mudanças. E as
grandes e importantes figuras da época não queriam mudanças, tão contrárias à
conduta reinante. Os opositores não suportaram a pregação coerente de Jesus,
pautada na verdade e na justiça. Seus ensinamentos ameaçavam a força política
da época, os poderosos para os quais não era conveniente soltar as amarras do
poder e do dinheiro.
Vejamos.
Ensinava a partilha de alimentos e de bens materiais. Os possuidores de bens e
fortunas não queriam despojar-se das riquezas.
Lembremos aquela passagem em que um jovem rico perguntou a Jesus o que
deveria fazer para entrar na vida eterna, já que ele cumpria todos os
mandamentos e se considerava um pessoa correta. Jesus, então, disse-lhe que
vendesse tudo o que tinha, repartisse o dinheiro com os pobres e o seguisse. O
jovem ficou entristecido porque era rico, e seguiu o seu caminho.
Ensinava
servir a todos os necessitados: “Não vim para ser servido, mas para servir.” O
reis e governantes em vez de lutar pelo bem, tiranizavam o povo.
Outra
conduta decepcionante para os poderosos: o ideal da fraternidade universal que
sugere o amor para com todos, pecadores e inimigos. Qual rei daquela época,
acostumado ao abuso de poder e a maltratar os inimigos, suportaria seguir esta
proposta: “Quando te baterem na face, dá-lhes a outra.” Ou então aceitar o que está
escrito em Mateus 18-21: “Senhor, quantas vezes eu devo perdoar meu irmão? Até
sete vezes? Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes
sete.”
Muitos,
então, não aceitavam Jesus. Principalmente os fanáticos, os poderosos, os
violentos e os hipócritas. Os fanáticos – aqueles que não mudam, ainda que seja
para o bem de todos. Criticaram Jesus
por ter curado em dia de sábado. Ele perguntou: “Há alguém entre vós que tendo
uma única ovelha e esta cair num poço no dia de sábado não irá procurar e
retirar? Arrematou dizendo: “É pois permitido fazer o bem no dia de sábado.” Jesus
colocou os pobres, pecadores e os enfermos acima do sábado, como para mostrar
que a salvação e a felicidade de todos são mais importantes que as
convenções. Os poderosos eram os que
mais o rejeitaram. Em João (11 – 47,48) vemos: “Os pontífices e os fariseus
convocaram o conselho e disseram: Que faremos? Este homem multiplica os
milagres. Se o deixarmos proceder assim, todos crerão nele, e os romanos virão
e arruinarão nossa cidade e toda a nação.”
Também os violentos figuravam no
rol dos desafetos, e sabiam usar a força: “Pilatos para satisfazer o povo
soltou-lhe Barrabás e entregou Jesus, depois de açoitado, para que fosse
crucificado (Mateus 15-15). Os
hipócritas não conseguiram enganar a Jesus: “Ai de vós, doutores da lei, que
dais aos homens pesos que não podem carregar, mas vós mesmos nem sequer com um
dedo vosso tocais os fardos” (Lucas 11-46).
E em outra passagem Ele chamou os fingidos de sepulcros caiados. Maquiam
o rosto com ares de bondade para esconder a maldade de dentro.
Recordando,
ainda, esses fatos memoráveis, celebramos na quinta–feira santa a instituição
da eucaristia. Reuniu os apóstolos na última ceia, benzeu o pão dizendo: “Isto
é o meu corpo que será entregue por vós”. Benzeu o cálice e disse: “Isto é o
meu sangue, sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós para
remissão dos pecados. Fazei isso em
minha memória.”
Depois
de condenado, Jesus orou ao Pai e, cheio de profunda angústia, suou sangue que
escorreu pela terra. Sofreu açoites, coroação de espinhos e, ao peso da cruz,
subiu ao calvário. Ironizado pelos soldados e, entre dores atrozes, gemidos e
solidão, exclamou: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.” Houve trevas e tremores de terra. Os que assistiam
ao martírio disseram: “Este é de fato o Filho e Deus.” Depois de três dias de sua morte, ressuscitou. Para espanto dos
amigos, os lençóis estavam espalhados no túmulo vazio. Depois de subir aos céus
à vista dos apóstolos, enviou-lhes o Espírito Santo.
Hoje,
passados mais de dois mil anos, a humanidade continua crucificando-o. Mas o
exemplo de sua paixão está vivo a nos exortar e surpreender.
Em
nossos dias, o apego aos bens materiais continua presente impedindo-nos de
abrir as mãos em ajuda concreta. A corrupção de políticos e governantes tira-nos
a certeza de dias melhores. A hipocrisia dos palanques em que as promessas
ficam só nos discursos, revolta-nos. Quantas falcatruas para não dar lugar aos
honestos. Fidelidade é coisa do passado.
E a violência? Já se tornou corriqueira gerando um descaso total com a vida
humana. Barbaridades são cometidas a cada hora sem a devida punição. Tudo como
nos tempos passados. Com antes, também hoje, o povo depende dos que governam e,
por isso, vive pagando impostos sem retorno, sem Saúde e Educação. Só nos resta, para não perder a esperança,
viver a eucaristia e fazer dela o nosso alimento de ânimo e fé. Viver a Páscoa
com a alegria de quem acredita na força do milagre.
Enquanto
não chega o júbilo da Páscoa, vamos nos detendo na cruz do Cristo e pensando
nas palavras de Santo Agostinho: “Vale mais uma lágrima de piedade derramada em
memória da Paixão e Morte de Cristo do que fazer mil peregrinações a Jerusalém
e jejuar durante um ano.” Confiando na misericórdia e no poder do sangue
redentor de Jesus, desejo a todos, uma feliz e santa Páscoa.
quarta-feira, 2 de abril de 2014
Violência contra a mulher
Em
recente pesquisa sobre preconceito e violência contra a mulher, o resultado
causou espanto. Entre, 3,8 mil entrevistados, 58% responderam que a mulher,
quando usa roupa que mostre o corpo, merece ser molestada. Houve indignação e até revolta por parte de
pessoas com o mínimo senso de respeito. Vejam só o disparate: culpar a própria
vítima pela agressão! Sabendo-se que o estupro é uma das mais sórdidas
agressões contra a mulher.
A
violência veio do preconceito. É cultural a posição de inferioridade da mulher,
chamada pejorativamente de sexo frágil. Desde tempos remotos, ela é tida como aquela
que só podia usufruir de um direito: servir o homem. E essa posição de dependência, rendeu-lhe
lágrimas, sofrimentos e, às vezes, a perda da própria vida.
Até
nos evangelhos há uma passagem em que os homens queriam apedrejar uma pobre
mulher pega em adultério. Quanta hipocrisia! Consideravam-na pecadora, e o
homem que se envolveu com ela e a fez adúltera, não foi condenado. O pecado era
só dela. Mas Jesus, misericordioso e justo, disse: “quem de vós estiver sem
pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. E todos saíram em silêncio.
Mas
os tempos passaram e, como tudo no mundo, os conceitos foram mudando, muitas
vezes pela ação de mulheres corajosas que derrubaram barreiras e fizeram
descortinar horizontes novos de esperança. Devagar, foram conquistando espaço e
igualdade com o homem. Hoje, estão presentes em todas as atividades da vida
humana. E têm mostrado tão eficientes quanto eles.
Embora
as conquistas sejam grandes, ainda persiste a violência contra a mulher. O tipo
que mais assusta é a violência doméstica que tem causado vítimas a cada
minuto. Os crimes passionais – na
maioria das vezes praticados por homens que não aceitam a separação – enchem os
noticiários. O machismo continua acompanhando o homem fazendo-o agressor e
vítima. Digo isso porque o homem que não
governa a si mesmo é uma vítima de suas emoções descontroladas. Que vexame para
um homem ter de usar a força física para estuprar uma mulher que não o ama, ou
não quer fazer amor com ele...
A
lei Maria da Penha, que ampara a mulher ameaçada e pune o agressor, tem ajudado
muito, mas não tem sido efetiva. Segundo uma das psicólogas que coordena o setor,
esse tipo de crime acontece, ainda, porque a mentalidade do homem não mudou. E
a mentalidade não se forma de um dia para o outro, é um conjunto de crenças e
hábitos de espírito que informam e comandam o pensamento de uma coletividade,
comum a cada membro dessa coletividade. Demanda tempo.
Pasmem!
Entre os 58% que se manifestaram daquela forma, não há só homens, mas também
mulheres. Pensei bem e cheguei à conclusão que os homens integrantes daquela
percentagem devem ter desvios sexuais graves. E as mulheres devem ser aquelas
que já perderam o encanto, ou não os tem, por isso invejam as belas que podem
se vestir com charme e sensualidade.
Continuemos
nossa caminhada de luta. Enquanto esperamos pela vitória total, lembremo-nos de
que só poderemos escolher caminhos, se tivermos a liberdade que vem do
conhecimento. Quase sempre as mulheres oprimidas não procuram ajuda por medo de
represália, ou porque não podem se sustentar.
Estudar, ler e se preparar para o mercado de trabalho são as formas mais
seguras de garantir a liberdade.
Uma
certeza nos alegra: os homens só serão completamente felizes, quanto todo mundo
for feliz.
domingo, 30 de março de 2014
Lembrando Nossa Senhora
Ao
lembrar Nossa Senhora, cobre-nos uma aura de alento e paz vinda de sua figura
maternal. Ao longo dos séculos, é
cultuada na Igreja como protetora e intercessora diante da Trindade Santa.
A devoção a Maria surge da realidade
da sua maternidade divina e do papel que Cristo lhe reservou na história da
salvação. Se o próprio Deus fez dela o
canal por meio do qual nos veio o Redentor, é natural que usemos do mesmo canal
para chegar a Ele. O caminho que trouxe Jesus é o mesmo que usamos para tocar o
Divino. Nossa Senhora é, pois, o
caminho aberto pelo Pai. Ela mesma reconheceu que sua importância veio da
grande dita de ser a mãe de Cristo: “A minha alma engrandece ao Senhor e exulta
o meu espírito em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade de sua
serva, doravante todas as gerações me chamarão de bem-aventurada.”
Antes de século IX o culto a Nossa
Senhora já existia na Palestina e Alexandria, retratado em pinturas rurais, nas
catacumbas e na oração “Sub tuum praesudium” que foi encontrada num antigo
papiro egípcio no final do III. Santos,
poetas e pintores de todos os tempos expressaram sua devoção em textos e telas
magníficos. Em São Lucas, as referências
a Maria são carregadas de autenticidade porque foram resultado de acurada
pesquisa. Muitos estudiosos admitem a versão de que ele teria visitado a Virgem
Maria. Sendo médico, escritor e também pintor, teria transposto para telas
vários retratos de Nossa Senhora, em especial o lindo quadro conhecido
como Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Seu trabalho estaria preservado em Roma na “Santa Maria Magiore.”
A Virgem é Mãe de Deus – Theotokos –
por isso a devoção a Ela tem caráter cristológico. Só a Deus devemos adoração, aos santos e a
Maria devemos devoção.
O Concílio Vaticano II - que projetou
luzes novas sobre a Igreja – no capítulo VIII da Constituição Dogmática, fala
do culto a Virgem Maria: “Exaltada pela graça do Senhor é colocada logo depois
de Seu Filho, acima dos anjos e santos. Com razão, é venerada com culto especial.” A Igreja fomenta o culto a Ela, sobretudo, litúrgico,
e nos incentiva a fazer exercícios de piedade, festas e datas em Sua homenagem.
O catecismo da Igreja Católica
publicado em 11/10/1992 oferece um resumo sobre o culto a Nossa Senhora no
número 971, tendo como base o Concílio Vaticano II e a Exortação Apostólica
“Marialis Cultus”,recordando-nos a piedade mariana como culto intrínseco ao
culto cristão.
A história da Igreja registra figuras
importantes de santos e papas que deixaram marcas da devoção à Santíssima
Virgem.
João Paulo II, devoto de
Nossa Senhora a quem agradeceu, a cada instante de sua vida, o milagre de ter
sido salvo, depois de alvejado por um disparo de arma. Suas palavras buscam o evangelho: “Ao pedir ao
discípulo predileto que tratasse Maria Santíssima por mãe, Jesus instituiu o
culto mariano.”
São José Maria Escrivá, fundador
da Opus Dei e devoto caloroso de Maria, resumiu: A devoção a Maria Santíssima
ocupa o primeiro lugar depois da Santíssima Trindade. Mais do que Ela, só Deus!
Se empreendermos um caminho a Maria, seguramente chegaremos a Jesus.
Padre José de Anchieta, que
será canonizado proximamente, escreveu um poema dedicado a Nossa Senhora, nas
areias da praia de Iperoig, contendo 5786 versos. Depois de ter sido libertado como refém e de
ter se conservado casto em face de muitas tentações, sua poesia é puro
reconhecimento.
São Bernardo, declarado
doutor da Igreja por suas pregações e obras escritas, e autor da oração do
Lembrai-vos, tão popular entre os fiéis e rica em confiança na intercessão da
Virgem, assegurou ter convertido muito
mais almas por meio da Ave Maria que por meio de seus sermões.
São Luís Maria Grignion de
Monfort – fidelíssimo devoto da Mãe, disse: “Quando o Espírito Santo encontra Maria
Santíssima numa alma, sente-se atraído por ela e nela faz morada.”
São Francisco de Sales
expressou-se: “Ninguém terá a Jesus Cristo por irmão, que não tenha a Santíssima
Virgem por mãe.”
Santo Hilário proclamou: “A
maior alegria que podemos dar à Virgem, é levar Jesus Eucarístico em nosso
peito.”
Muitas orações louvam a Maria
Santíssima. A oração do Ângelus e o Rosário são tradicionais e rezados ao longo
dos anos. Outras preces foram surgindo, inclusive o Lembrai-vos e a Ladainha.
Nossa Senhora recebe muitos nomes e
títulos. São frutos de nossa devoção, reverência, aclamações. Expressam
louvores, gratidão e amor. Vários nomes
referem-se aos lugares de Suas aparições.
Sendo a onipotência suplicante, traz
do céu para nós graças e milagres.
Confiantes, pedimos-lhe nesta quaresma- preparação para a morte e
ressurreição de Seu Filho- que afaste a violência que tem se espalhado de forma
espantosa em nosso país. Olhe pelas crianças, tão indefesas, sofrendo abusos e
maus tratos. Logo as crianças que deveriam ser protegidas, que são o amanhã e
fonte de esperanças. Logo elas
apresentadas por Jesus Cristo como
modelo a imitar, se quisermos entrar no
Reino do Pai.
Nossa Senhora, rogai por nós.
quinta-feira, 13 de março de 2014
A Igreja festeja o papa Francisco
O
papa Francisco completa 1 ano de permanência na cátedra de Pedro. A Igreja
comemora o fato com alegria.
Estão
ainda vivos na memória, aqueles instantes sublimes de expectativa e
preces. Depois da fumaça branca
anunciando a escolha, os sinos e a comoção do mundo católico eram
agradecimentos e fé. O anúncio de seu nome causou surpresa por não constar da
lista dos mais cotados para o cargo. Com
simpatia e simplicidade, acolheu os aplausos, rezou com a multidão um Pai Nosso
e pediu: rezem por mim.
Sorridente,
mas firme, deu continuidade à missão de pescador de almas, revestida, naquele
momento, de maior trabalho e responsabilidade.
Sob
o impacto, ainda recente, da corajosa e humilde renúncia do papa, agora
emérito, Bento XVI, o recém-eleito representava a esperança. Todos os corações
voltaram-se para ele, porque em suas mãos estavam as diretrizes e a reforma
urgente da Igreja.
Só
mesmo o Espírito Santo poderia ter inspirado uma escolha tão acertada e
divina. Nosso papa tem sido
verdadeiramente um outro Cristo.
Simples,
generoso, alegre, tem conquistado o mundo inteiro, mesmo fiéis de outros
credos. No entanto, o que mais tem sido
tocante e exemplar é sua opção pela periferia. Não só a periferia geográfica,
mas a periferia existencial: os pobres, os doentes, os sofredores, os
pecadores, os injustiçados, os ignorantes. A estes, dedica especial atenção e
exorta a igreja para que faça o mesmo.
Ele deseja que todos, indistintamente, sejam uma só Igreja unida, um só
corpo, um só coração. Ele exemplificou
esse ato amoroso, lembrando numa entrevista, que a mãe só pode gostar e entender
o filho e fazer parte de sua vida, em contato com ele. Educar e amar por
correspondência é diferente de estar sempre por perto.
O
papa é tão autêntico, que gosta de auscultar cada uma das ovelhas que cruzam
seu caminho. Sente-lhes a dor,
enxuga-lhes as lágrimas com gestos concretos, e mostra-lhes que a Igreja de
Cristo está aberta para todos.
Perguntado sobre questões cruciais sobre a moral respondeu: “se a pessoa
é boa e quer se aproximar de Deus, quem sou eu para julgá-la”. A respeito dos
casais no segundo casamento, ele prometeu fazer um estudo mais profundo sobre o
assunto, mas adiantou que a participação deles na vida da Igreja é importante.
E as pastorais já contabilizam um número imenso desses casais que participam intensamente dos movimentos
paroquiais.
Tem
empreendido as reformas da Igreja. Como as opiniões são diferentes, o papa
nomeou comissões para ajudá-lo nessa tarefa árdua.
Carismático,
costuma atrair milhões de pessoas a seu redor. Todos desejosos de seu aperto de
mão, seu riso manso e olhar terno. Sua
presença infunde tanto respeito e amizade, que na Jornada Mundial pela
Juventude ocorrida no Brasil, além do grande número de participantes, o
encontro transcorreu sem incidentes. Foi só festa e devoção.
Os
hábitos modestos e a humildade do papa Francisco condizem com o nome que
escolheu e com a congregação a que pertence. São Francisco de Assis foi o santo
dos pobres e do desprendimento dos bens materiais. E, sendo jesuíta,
assemelha-se aos primeiros catequistas de nosso povo, que nos legaram,
sobretudo, a formação religiosa.
Agradecendo
a Deus por nos ter dado um papa tão virtuoso e preparado para este novo tempo,
pedimos que lhe dê saúde, fortaleza e sabedoria. Que o acompanhem nossas orações e as
inspirações do alto. Que ele possa restaurar a Igreja que Cristo fundou e regou
com seu precioso sangue.
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