A
violência, sob todos os aspectos, assola o país e tem nos deixado perplexos e
desesperançados.
Recentemente,
o crime cometido contra uma família de policiais, cujo principal suspeito é o
filho de 13 anos, chocou o Brasil e é notícia nos principais jornais do
mundo. A família, os vizinhos, amigos
do casal e até professoras do menino, não acreditam na participação dele na
chacina. Ele teria vitimado, além dos pais, a avó, a tia e logo depois cometeu
suicídio. Na verdade, é inacreditável que
um adolescente normal, carinhoso com os pais
e com todos os de seu convívio,
tenha assassinado tantas pessoas de forma cruel, calculada e magistral. Para
efetuar um crime como esse, sem deixar uma pista notória, só mesmo um indivíduo
traquejado no ofício de matar. Diante da indecisão, as investigações
prosseguem.
No
entanto, o que nos faz debruçar sobre o assunto, não é somente o crime em si,
mas são as questões levantadas por psicólogos, policiais de gabarito e
investigadores experientes. Esses entendidos querem saber tudo sobre o
comportamento do garoto. Se ele tinha intimidade com armas, com jogos
violentos, se assistia a filmes de tensão, pois tudo isso pode atuar de forma
negativa na mente dos jovens. Mesmo que ele
não seja o culpado, as indagações revelam que comportamentos instigadores da
violência podem agredir a saúde mental de jovens e crianças.
São
traços marcantes da adolescência a fragilidade das emoções, o desejo de
descobertas, a inconsequência, o desejo de imitar ídolos.
Preocupa-nos
a violência contra os jovens ou cometida por eles porque a juventude e a
infância guardam a nossa esperança no futuro. Serão os futuros dirigentes da
nação, os professores, os médicos, e os demais profissionais. E expostos a tantos males, jovens e crianças
são os mais afetados pela violência. E o
pior é que engrossam as estatísticas de mortalidade.
Nas
estradas morrem muitos jovens por serem mais desafiadores. Os motociclistas – a
maioria é jovem – têm causado caos no trânsito e perdendo a vida num transporte
perigoso.
As
drogas – outra forma de violência – ceifam a existência de nossa juventude e
arruínam famílias. O uso delas, hoje
tão disseminado, compromete os estudos, a vida normal e a felicidade dos
usuários. E o tratamento é difícil e requer dose extra de força de vontade.
Grande
parte dos acidentes de trânsito, de crimes passionais ou por vingança, e mesmo de
crimes sem motivo, há sempre drogas promovendo as matanças. E lá se vão nossos
jovens. Ano passado, todo mundo ainda se lembra da morte
de 246 jovens na boate kiss em Santa
Maria, Rio Grande do Sul. Tudo por conta da violência com nome de descaso de
autoridades e organizadores do evento.
O que mais dói e desencanta é a
violência contra crianças. Uma criança maltratada ou violentada leva marcas
para o resto da vida. Há pouco,
assistimos ao hediondo crime contra um garoto boliviano. Chorando desesperado,
estendia sua mãozinha frágil para o assaltante pedindo-lhe poupar sua mãezinha.
Foi morto impiedosamente pelo criminoso.
Fatos como esse faz-nos pensar em Deus e pedir suas bênçãos sobre a
humanidade.
Diante
de tragédias que levam vidas, que poderiam ser poupadas, pergunto a Deus o
porquê de Ele não acudir as pessoas diante de tanta violência. Digo como Castro
Alves em seu Navio Negreiro: Onde estás, Senhor, que não respondes? Medito
na evidência de ver as igrejas cheias de fiéis de todos os credos rezando numa
corrente de boa vontade. E, mesmo assim, a violência continua. Concluo que a oração tem de vir acompanhada
da ação. Todos nós devemos trabalhar para diminuir as tragédias. Só depois de
agirmos utilizando todas as ferramentas, é que nossa prece ganha sentido e toca
o coração Daquele que não precisou de nós para criar o mundo, mas não o
constrói sem nossa ajuda.
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