segunda-feira, 2 de julho de 2012

Homenagem a Caratinga


           Caratinga está de aniversário. 164 anos de vida.
        Como falar da terra da gente?  Quais as palavras que poderei usar para falar dignamente da terra natal, do berço que acalantou e acalanta nossos sonhos?  Como conseguir a palavra mágica para descrever o amor de um filho por sua terra-mãe?   Todo gesto ameno será pequeno, toda palavra será pouca e cala na boca, porque não há expressões que possam traduzir com fidelidade o que é Caratinga, o que são seus filhos, meus irmãos de afeto e de solo com os quais convivo harmoniosamente.   Só mesmo de forma superficial, levemente, poderei falar do amor único que se dilata em mim, em nós que aqui nascemos ou vivemos.
          Caratinga é nossa casa. E casa da gente é o único lugar no mundo onde somos nós mesmos, sem artifícios ou formalidades.  Casa da gente é o lugar onde se chega e se pode tirar os sapatos, desabotoar o casaco, desapertar o nó da gravata.
          Caratinga é nossa casa maior onde convivemos com uma família maior. É aqui que vivemos, sonhamos , realizamos e somos felizes. Aqui é o lugar de rir e chorar, de errar e de acertar, de perdoar e amar. A mais esplendorosa cidade, não se iguala a nossa, ainda que humilde e pequena. Um paraíso dentro dos montes que a cercam. O grande poeta Fernando Pessoa, sob um de seus heterônimos Alberto Caieiro, escreveu lindamente: “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia. Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia. Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”. Nem precisava buscar tão longe um exemplo de preferência de um filho por sua terra. O poeta maior de Caratinga, Max Portes, já poetou em seu livro dedicado a nossa terra: Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, todo lugar tem palmeiras, não as palmeiras de lá.           Nós podemos falar dos defeitos de Caratinga, mas se pessoas de fora disserem, é uma briga. Como nos faz mal!    Isso porque cidade da gente é abraço de mãe a estender afagos. Cada canto conta um conto, canta um canto de paz.  Cada rua conta a história da gente e candonga nossos segredos.     
            Caratinga é uma cidade progressista e boa para se viver. A parte física agrada aos olhos e a sensibilidade.  A Itaúna, a catedral, a Fafic, A Fic, as ruas, a iluminação, o asfalto, as flores, a praça ornamentada por palmeiras que desde sempre caracterizaram Caratinga. Só que para que existisse essa parte física tão bonita, com exceção da parte natural, foi necessário o material humano. 
Houve um sonho, um projeto e a realização que dependeram da vontade e das mãos humanas. Figuras de destaque construíram e constroem Caratinga, ontem e hoje.
          Há de se lembrar também do anônimo. Mãos anônimas edificaram tudo quanto existe aqui. No escondido, na simplicidade, no anonimato houve trabalhadores que derramaram o suor de seu trabalho colocando tijolo por tijolo nas pequenas e grandes construções, nas ruas de paralelepípedos, hoje asfaltadas. O professor que, mesmo com seu pequeno salário, formou gerações nas lições das salas de aula, dia após dia.         
            Caratinga é grande porque seus filhos são grandes. Tudo depende de nós. Manuel Bandeira, o grande poeta modernista escreveu um maravilhoso poema a sua terra natal, que diz:
          
            “Saí menino de minha terra / Passei 30 anos longe dela.
          De vez em quando me diziam:
             Sua terra está completamente mudada.
          Tem avenidas e arranha-céus / É hoje uma bonita cidade.
          Meu coração ficava pequenino.
          Revi afinal o meu Recife.
            Está de fato completamente mudado.
          Tem avenidas e arranha-céus / É hoje uma bonita cidade.
          Diabo leve quem pôs bonita a minha terra”.

            O poeta não gostou de ver as mudanças de sua terra porque queria encontra-se consigo mesmo nas dobras do passado. Queria rever sua infância, as ruas sem calçamento, a quitanda, a luz fraca dos candeeiros. Queria o passado para matar saudades.
          Mas para nós que vivemos aqui e assistimos ao desenvolvimento de Caratinga. Para nós que vivemos o dia a dia aqui, acompanhando cada mudança e desejando que tudo mude para melhor. Para nós que não sentimos saudade, sentimos o abraçar constante de nossa terra rumo ao progresso, pensamos diferente. Plagiando Manuel Bandeira, numa outra visão dizemos: Caratinga está completamente mudada. Tem avenidas e arranha-céus. É hoje uma bonita cidade. Deus abençoe quem pôs bonita a minha terra.

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