Morreu
ontem nosso querido ídolo, Agnaldo Timóteo. Filho amado de todos de nossa
terra, foi acometido da Covid-19 e não resistiu. Fragilizado pelo AVC do qual
estava ainda se recuperando e pela idade de 84 anos, seu organismo não
conseguiu reagir bem.
O
Brasil inteiro lamentou a perda irreparável. Depoimentos como os de Ronnie Von,
Moacir Franco, Artur Xexéo e outros mais, encheram a televisão de palavras elogiosas. Também Caratinga recebeu a notícia
de sua morte com lágrimas de uma inacreditável tragédia. Comuniquei seu
passamento a muitos amigos, e Monsenhor Raul disse que celebraria missa por
ele.
Agnaldo
amava Caratinga e nossa gente com a força de seu generoso coração. Em suas
apresentações, nunca se esquecia de nomear sua terra e amigos daqui.
Eu
choro e me emociono muito por ter sido um de meus melhores amigos. Nossa
aproximação aconteceu quando eu lhe fiz uma homenagem pelos 21 anos de
carreira. Coloquei no palco toda sua vida contada com arte. Houve danças, teatro,
música. E ele gostou muito de minha voz e queira que eu gravasse um disco. Fui
sempre protelando. Mas nossa amizade foi crescendo, e eu nunca mais fiz festa
sem ele. Na comemoração dos 100 anos da catedral, ajudei ao Monsenhor Raul nas
festividades, e trouxe o Agnaldo que deu show.
Ele nunca faltou às minhas festas de lançamento de meus livros. Sempre
presente com carinho e atenção. Na homenagem que fiz para o Padre Boreli, ele
veio e deixou a platéia de 912 pessoas encantada. Quando homenageei o Ziraldo com um desfile
das escolas nas ruas, Agnaldo fez a abertura cantando “os verdes campos de
minha terra”. Ziraldo chorou. Diante de
tanto sucesso dele, pensei em homenageá-lo, outra vez, mas com gestos de eternidade.
Humberto Luiz Salustiano Costa, também um grande amigo dele e meu, gostou da
ideia, que ele também já havia ventilado, e juntos reunimos um grupo de pessoas
e trabalhamos. Fizemos uma estátua do Agnaldo que hoje está na praça Getúlio
Vargas. Ele se sentiu muito feliz e
disse sobre a homenagem: “ Esse é
um sonho que eu nunca ousei sonhar.”
Nossa
amizade só foi crescendo e eu tive o prazer de recebê-lo muitas vezes em minha
casa. Telefonava-me quase todas as semanas e muitas vezes tomou o café da manhã
e almoçou comigo. No dia de ano de 2019 ele passou conosco e recordou sua
trajetória. Disse da dificuldade de ter sido reconhecido por causa dos
preconceitos. Contou-me do sucesso no Brasil e no exterior. Contou sobre sua
vida política e pormenores de sua rotina.
Quando
sofreu o AVC falei com seu sobrinho todos os dias, e rezei muito por sua
recuperação. Saiu bem da doença e já estava cantando sem sequelas. Gravou uma música de louvor a Deus e, antes
de se internar para o tratamento da Covid-19, cantou uma canção, composta por
ele, pedindo a Deus acabar com essa terrível pandemia.
Ele
foi um gigante como artista, cujo talento é reconhecido por todos. Sempre amou
Caratinga elevando-a aos píncaros das estrelas. Foi um filho abençoado cuidando
de Dona Catarina com o maior amor do mundo, chamando-a sempre quando se
apresentava, seja cantando, seja discursando em púlpito político. O “alô,
mamãe” já era quase uma oração. Foi um
irmão dedicadíssimo, sempre protegendo sua família. Caridoso, ajudava os cantores que ficavam
pobres depois da aposentadoria. Pagava caixões àqueles que morriam da
indigência. Dedicava carinho e presença
aos sobrinhos. Teve um filho adotivo, alvo de seu desvelo, e uma filha, a Kate,
que mereceu seus mimos.
Foi
uma pessoa intensa, forte e verdadeira. Ninguém precisava tentar adivinhar o
Agnaldo, pois ele era autêntico e dizia o que pensava, sem rodeios.
Enfim,
partiu nosso maior ídolo. Agora, só o ouviremos nas gravações. Nunca mais
teremos aquela presença simpática e sempre elegante com ternos requintados ou
roupas coloridas, mas sempre pronto, barbeado
e cabelo cortado pelo mesmo cabeleireiro de Sílvio Santos.
Por
tudo quanto semeou de bem, ele merece um lugarzinho no céu. Jesus disse: “A
casa de meu Pai tem muitas moradas”. Confiada na palavra de Cristo, sei que nosso
Agnaldo está num cantinho ao lado de Jesus desfrutando da alegria eterna. Junto
com Jesus ressuscitado, pois hoje é domingo de Páscoa, nosso querido cantor
também ressuscita com Ele, numa Páscoa eterna.
Em
minhas orações, agradeço a Deus por ter tido um amigo tão leal e carinhoso. E
ao Agnaldo, eu peço olhar por todos nós nesse tempo tão difícil em que
vivemos. Iremos agora viver de suas
lembranças e de uma imorredoura saudade.
Marilene
Godinho
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